quinta-feira, 6 de junho de 2013

Alma

Alma

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Alma

SoulCarriedtoHeaven.jpg

Uma alma carregada por dois anjos, na pintura Soul Carried To Heaven, de William-Adolphe Bouguereau.
Origem do nome Hebraico e Latino
Influências Teologia, Filosofia
Definição Um ser vivo distinto do corpo.
Conhecida por ser imortal
Alma é um termo derivado do hebraico nephesh, que significa vida ou criatura1 , e também do latim animu, que significa "o que anima"2 .
Na religião possui grande importância, sendo o motivo de haver capacidade ao indivíduo a fazer e viver coisas e momentos complexos. Foi discutida e citada na filosofia3 .

Índice

Alma e as Religiões

Cristianismo

Cquote1.svg E pela palavra alma entendo uma essência imortal, contudo criada, que lhe é das duas a parte mais nobre. Cquote2.svg
A definição de alma para João Calvino.4
João Calvino, o fundador do calvinismo,5 defendeu que o espírito e a alma são distintos, e que ela é imortal.4 Segundo a Bíblia, a alma pode perder-se, ser salva e existir após à morte do corpo. Ela também é citada como a fonte de todas as sensações e sentimentos humanos, além de ser a responsável da comunhão humana com Deus.1

Teosofia

Na Teosofia, a alma é associada ao 5º princípio do Homem, Manas, a Alma Humana ou Mente Divina. Manas é o elo entre o espírito (a díade Atman-Budhi) e a matéria (os princípios inferiores do Homem).
Assim, a constituição sétupla do Homem, aceita na Teosofia, adapta-se facilmente a um sistema com três elementos: Espírito, alma e corpo. Sendo a alma o elo entre o Espírito e o corpo.

Ciência moderna

De uma forma geral, a ciência moderna estuda o homem sem fazer referências a uma alma imaterial, uma vez que, se existe, não pode ser observada nem medida pelos instrumentos atuais. Apesar disso, alguns cientistas têm tentado encontrar evidências da existência e da natureza da alma humana. Muitas das pesquisas científicas nesse assunto vão em direção das experiências de quase-morte, porém não existem provas conclusivas para a ciência moderna de que realmente os pacientes saíram do próprio corpo, ou se sofreram de alucinações. Há também alguns cientistas como Ian Stevenson e Brian Weiss que conduziram estudos de caso sobre crianças narrando experiências anteriores ao nascimento, e que poderiam sugerir uma possibilidade de reencarnação (portanto, existência da alma), embora não tenham demonstrado pelo processo ciêntifico como isto poderia ocorrer.

Neurociência

A neurociência é um termo que reúne as disciplinas biológicas que estudam o sistema nervoso. Muitas descobertas da neurociência trazem intrigantes fatos a respeito da mente.

Calosotomia completa

O estudo de pessoas que tiveram os dois hemisférios cerebrais separados (o que se chama de calosotomia, resultado de cirurgia para tratar casos graves de epilepsia, ou devido a traumatismos ou derrames) têm trazido importantes implicações para o entendimento do funcionamento da mente. Os hemisférios direito e esquerdo são em muitos aspectos simétricos. O hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo e o hemisfério direito controla o lado esquerdo e as funções mentais são distribuidas nos dois. No entanto, na maioria das pessoas, algumas funções mentais são mais concentrados no hemisfério esquerdo (linguagem, raciocínio linear), enquanto outras são mais concentradas no direito (emoções intensas, intuição espacial do próprio corpo, expressão emocional no rosto), embora essas funções não sejam exclusivas de cada hemisfério. Além disso, o campo visual esquerdo de cada olho é recebido pelo hemisfério direito e o campo visual direito é recebido pelo esquerdo. O corpo caloso permite a comunicação entre os dois hemisférios.
Ocorre que nos pacientes que tiveram seu corpo caloso completamente dividido (calosotomia), os hemisférios perdem a comunicação entre si (embora com o tempo o cérebro tenda a encontrar outras maneiras de estabelecer comunicação entre os dois hemisférios através de outras conexões nervosas que existem no cérebro além do corpo caloso). Com isso, o hemisfério esquerdo, que controla o lado direito do corpo e é especializado na linguagem, passa a funcionar de modo separado do hemisfério direito, que controla o lado esquerdo do corpo e é especializado nas emoções.6
Embora o hemisfério direito não tenha acesso aos centros de línguagem e, portanto, não possa falar, ele pode rearranjar cartas com letras dispostas numa mesa com a mão esquerda. Por exemplo, em um estudo, a um sujeito que havia sofrido calosotomia foi perguntado sobre qual é sua profissão ideal. Verbalmente (ou seja, usando o hemisfério esquerdo), o paciente respondeu que ele gostaria de ser desenhista. No entanto, com a mão esquerda (isto é, usando o hemisfério direito), ele rearranjou as letras formando as palavras "corrida automobilística" ("car race", em inglês) sem que seu hemisfério esquerdo (o que fala) tivesse consciência disso.7
Roger Sperry, sobre numa pesquisa com pacientes com o cérebro dividido, relata que, quando foi mostrada ao hemisfério direito do paciente (por meio de óculos especiais que bloqueiam o campo visual direito de cada olho) uma foto de uma pessoa familiar, a mão esquerda apontou a primeira letra do nome dessa pessoa, embora o paciente dissesse (o hemisfério esquerdo) que não via foto alguma e que tampouco movia o braço esquerdo. Quando uma foto do próprio paciente foi mostrada ao hemisfério direito, o paciente respondeu com reações emocionais tais como gargalhadas e sorriso autoconsciente, além de frases emocionais simples como "Oh, não! Oh, Deus!". O hemisfério direito também respondeu com polegar para cima ou para baixo de modo socialmente correto para fotos de personalidades famosas tais como Winston Churchill e Hitler. Tudo isso com o paciente dizendo (seu hemisfério esquerdo) que não via foto nenhuma.8
O hemisfério direito do cérebro, funcionando independentemente e isolado do esquerdo, demostra inteligência. Ele pode perceber, analisar, lembrar, realizar raciocínio complexo, compreender emoções e expressá-las, demostrar conhecimento cultural e responder criativamente a novas situações.9
Essas pesquisas mostram que, em alguns casos de cérebro dividido, o cérebro gera o que parece ser duas consciências separadas. A pesquisa sobre pacientes com cérebro dividido levou o neurocientista e ganhador do prêmio Nobel Roger Sperry a concluir: "Tudo o que vimos indica que a cirurgia deixou essas pessoas com duas mentes distintas, isto é, duas esferas separadas de consciência. O que é experimentado no hemisfério direito parece estar totalmente fora do âmbito do que é experimentado pelo hemisfério esquerdo."10
Uma das consequências mais dramáticas e evitadas da calosotomia é a Sindrome da mão alheia. Uma das mãos "ganha vontade própria" (em geral a esquerda) após a cirurgua e se opõe ao que o paciente deseja, desfazendo o que a mão direita faz (conflito intermanual). Por exemplo, tarefas como abrir uma porta com a mão direita é desfeita pela esquerda. Ao se vestir, a mão esquerda pode se opor, e luta para tirar a roupa que a mão direita por sua vez luta para colocar. Em outro caso, a mão esquerda (hemisfério direito) de um paciente preferia alimentos diferentes e até mesmo programas de televisão diferentes, intervindo contra a vontade expressa pelas ações da mão direita que é verbalizada pelo paciente. Há ainda o caso de um paciente cuja mão esquerda se opunha sempre que o paciente tentava acender um cigarro e fumar, a mão esquerda frequentemente arrancava o cigarro ou o esqueiro e os atirava longe. Outro caso relatado é a de um paciente cuja mão estranha apalpava o seio de todas as mulheres que se aproximavam dele, provocando um grande contrangimento para ele.11
De acordo com alguns ideais ateístas, esses estudos científicos colocam sérias questões ao dualismo, pois seus resultados parecem inconciliáveis com a ideia da existência de uma alma individual (isto é, indivisível) independente do cérebro, já que fornecem fortes evidências de que uma divisão física do cérebro produz como que duas almas diferentes que possuem propósitos, gostos, opiniões, personalidade e pensamentos diversos, embora compartilhem lembranças de fatos anteriores à separação dos hemisférios. Se a mente se torna duas mentes ao nível físico do cérebro dividido em dois, como não concluir que, durante o momento da morte física do cérebro e a ruptura cada vez maior das conexões nuronais, o que chamamos de mente se multiplica em numeráveis mentes cada vez mais dispersas até que todas as conexões se desfazem?12
Porém, do ponto de vista de defensores da alma, isto implica apenas no resultado de um efeito fisiológico do corpo. Sendo o corpo o invólucro temporário da alma, esta fica sujeita as condições que este lhe oferece para se expressar. Sendo a alma do ser humano condizente com o seu grau de evolução, esta também não é perfeita e esta sujeita as suas vontades enquanto no corpo, seguindo os princípios do livre-arbítrio, e também as suas limitações. Acontecimentos como estes podem ser parte de processos reencarnatórios, segundo os principíos da reencarnação. E também simplesmente explicados com o fato de o corpo ser a dualidade de emoção e raciocínio. Se o seu cérebro, órgão condutor e comandante do sistema nervoso, está dividido, o corpo fica passível de suas consequências. O fato de aparente duas consciencias surgirem, nada mais é do que o emocional e o racional, que normalmente trabalham em conjunto, quando não em harmonia mas em acordo quando um supera o outro, neste caso ficam totalmente separados, expondo talvez, coisas que um deixava escondido do outro, quando expresso na atitude do ser humano alvo da Calosotomia.

História evolutiva do conceito

Chegou a uma altura na história da humanidade em que o Homem começou verdadeiramente a assumir a existência de uma alma.
A Alma sempre foi motivo de controvérsia entre as diferentes denominações religiosas e crenças, mesmo porque nunca foi totalmente compreendida, explicada ou observada.
Antes que o homem concluísse que a possibilidade de uma alma em evolução em conjunto com a mente de um indivíduo e com a paternidade de um espírito divino, julgou-se que ela residia em diferentes órgãos físicos – nos olhos, no fígado, nos rins, no coração e, posteriormente, no cérebro. Os selvagens associavam a alma ao sangue, à respiração, às sombras e aos reflexos do seu eu na água.
Mais tarde os hindus conceberam o atman. Os mestres hindus realmente aproximaram-se duma avaliação da natureza e da presença de um espírito, mas houve uma falha provável quando não distinguiram a co-presença da alma em evolução, potencialmente imortal.
Os chineses, contudo, reconheceram dois aspectos num ser humano, o yang e o yin, a alma e o espírito.
Os egípcios e muitas tribos africanas também acreditavam em dois factores, o ka e o ba; e não acreditavam geralmente que a alma fosse preexistente, apenas o espírito. Os antigos habitantes das terras que circundavam o vale do Nilo acreditavam que todo indivíduo favorecido tinha recebido à nascença, ou pouco depois, um espírito protector a que chamavam ka. Eles ensinavam que esse espírito guardião permanecia com o sujeito mortal ao longo da vida e que passava, antes dele, para o estado futuro.
Nas paredes de um templo em Luxor, onde está ilustrado o nascimento de Amenhotep III, o pequeno príncipe está retratado nos braços do deus do Nilo e, próximo a ele, está uma outra criança, idêntica ao príncipe na aparência, que é o símbolo daquela entidade a que os egípcios chamavam ka. Essa escultura foi terminada no décimo quinto século antes de Cristo.
Julgava-se que o ka era um génio de espírito superior, que desejava guiar o mortal ligado a ele em caminhos melhores na vida temporal; porém, mais especialmente, ele desejava influenciar a sorte do sujeito humano na próxima vida. Quando um egípcio desse período morria, era esperado que o seu ka estivesse aguardando por ele do outro lado do Grande Rio. A princípio, supunha-se que apenas os reis tivessem kas, mas afinal, acreditou-se que todos os homens rectos possuíam-nos.
Toda esta rica ideologia cresceu, fomentando as raízes que derivaram posteriormente nos conceitos actuais da alma, base de muitas religiões cujos seguidores acreditam possuir almas, ou serem acompanhados por elas e mesmo até serem eles próprios as almas.