quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Mamíferos Marinhos: Golfinho (Delphinus delphis)

"Mamíferos Marinhos: Golfinho (Delphinus delphis)
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Os golfinhos ou delfins são mamíferos cetáceos pertencentes à família Delphinidae.
Os cetáceos são o grupo de mamíferos marinhos mais diversificado e antigo, com evidências fósseis datadas de 40 a 52 milhões de anos. Todas as famílias dos Odontocetos e Misticetos evoluíram há 5-25 milhões de anos. Os dados trazidos pela análise de fósseis, assim como estudos bioquímicos indicam que os cetáceos compartilham um antecessor comum com os ungulados (hipopótamos, elefantes, vaca, cervos, etc. - Geraci e Lounsbury, 1993).

Os cetáceos arcaicos ou Arqueocetos apareceram a meados do Eoceno e foram os primeiros cetáceos, ainda que não tenham sido os antecessores diretos dos modernos cetáceos. Os Arqueocetos desapareceram há uns 30 milhões de anos (Cawardine, 1995). É possível que os cetáceos mais antigos, tenham se aproximado das águas costeiras em busca de alimento ou fugindo de predadores. Tinham, então, quatro patas e levavam uma vida anfíbia.
O habitat natural de trinta e três espécies de golfinho é a água salgada, na costa ou no mar aberto. Porém cinco espécies vivem em rios e lagoas. Alguns golfinhos de água doce vivem no encontro da água doce com a salgada. A espécie mais comum de se encontrar é a Delphinus delphis.
A alimentação de golfinhos na maioria das vezes é composta de peixe e lula, mas algumas espécies alimentam-se de baleias, pingüins ou focas. Eles não precisam beber água, porque já há a água necessária na alimentação.
O Namoro
Golfinhos são muito amorosos e fazem amor quando bem entendem, ou seja, não ficam restritos à um determinado período de acasalamento.
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Um jovem macho de dez anos leva 6 dias a perseguir uma fêmea. O macho roça nela e mordisca-lhe a barbatana. O acasalamento do macho e da fêmea dá-se debaixo d’água e dura uns vinte segundos. Os golfinhos têm um período de gestação de 9 a 12 meses. Aos cinco meses de gestação, a fêmea busca a companhia de outra fêmea. Costuma escolher a sua própria mãe, uma irmã ou alguma das suas filhas. As duas fêmeas permanecem juntas até que nasça o bebê-golfinho. As contrações, que indicam a proximidade do parto, duram vários dias. A primeira parte que sai pelo orifício genital da fêmea é a barbatana da cauda, situada no baixo-ventre da cria. Ao nascer, a cria afunda, por não tem ar nos pulmões. A sua mãe empurra-a suavemente com o ‘bico’ para a superfície, afim de que ela possa respirar. O cordão umbilical desprende-se sozinho.O sangue que a mãe perde pode atrair tubarões, que tentam atacar o pequeno golfinho. No entanto, outros cinco golfinhos guardiões do trabalho de parto, lançam-se imediatamente em defesa.
Os filhotes de Orcas nascem mais ou menos com 2.2 m e 136kg. Normalmente nasce somente um filhote, a não ser que sejam gêmeos. Neste caso um geralmente morre.
Na média da maioria das espécies os golfinhos, podem reproduzir-se com 7 anos e amamentam seus filhotes com leite.
Eles sentem frio, pois possuem sangue quente. Possuem uma camada de gordura espessa sobre a pele para protegê-los das variações de temperatura. O SANGUE DOS GOLFINHOS É QUASE PRETO. Esta cor tão escura é devido ao grande número de glóbulos vermelhos que contém o seu sangue. O Golfinho armazena 40 vezes mais oxigênio que o homem, graças aos seus pulmões. Por isso pode permanecer 15 minutos debaixo da água, sem vir á superfície respirar.
A respiração do golfinho não se dá por guelras como nos peixes, mas por pulmões, exatamente como nós. Esta respiração é voluntária, ao contrário da nossa, que é involuntária. Por isso mesmo, quando ficam em estado de estresse, como presos em redes ou acuados, param de respirar e podem se afogar com facilidade.
O Sentido Acústico e a Ecolocalização
sonar golfinho
A velocidade de difusão do som é cinco vezes mais rápida na água do que no ar, por causa da maior densidade do meio aquoso. Os cetólogos ainda não conseguiram decifrar a função dos sons das baleias, mas é possível que estes sinais, num meio aquático com visibilidade tão estreita, sirvam de comunicação e informação sobre a identidade, posição, disponibilidade de alimento ou presença de predadores.
padrao de onda som golfinho
A maioria dos experts em bioacústica concorda que os sons de ecolocação dos golfinhos se relaciona com a emissão de sons a partir dos seios peri-nasais, das válvulas que se encontram na cabeça, e ao órgão dos espermaceti. Nos Odontocetos, os sons de alta-freqüência penetram pelo osso oco cheio de lípidos da mandíbula, e são transmitidos para a cavidade do tímpano, daí ao ouvido interno e depois ao cérebro. Além disso, neste grupo, a cavidade do tímpano está isolado acusticamente do resto do crânio, de forma que cada ouvido possa detectar sons independentemente, determinando com isto a direção de onde provém. Os Misticetos possuem abertura auditiva externa (um canal em forma de S), fechada por um tampão de cera, responsável, segundo se acredita, pela transmissão dos sons até o ouvido interno.
Os Odontocetos são os únicos cetáceos que adquiriram um verdadeiro sistema sensorial único: aprenderam a ‘ver com os ouvidos’. A ecolocalização supõe a emissão de uma ampla gama de sons em ondas de breves impulsos sonoros, assim como a obtenção de informação de retorno, mediante a análise dos ecos. Esta capacidade de utilizar sons, tanto de baixa como de alta-freqüência, combinada com uma audição direcional muito sensível, proporciona uma ecolocalização extremamente precisa.
Os olhos do golfinho possuem pupilas na forma da letra ‘U’, além de uma forte musculatura ocular que lhes permite modificar a forma do cristalino para que se adapte a dois tipos de visão: debaixo de água ou fora dela. Dentro d’água e, sobretudo em grande profundidade, a luz é muito escassa, enquanto que na superfície é muito intensa. Possuem uma pupila que recolhe grande quantidade de luz, mas, com sol forte, esta pode fechar-se até deixar apenas uma estreitíssima trama, o que lhes permite usá-la em ambientes luminosos. Além disso, têm a capacidade de mover rapidamente um só olho em todas as direções, para obter um amplo campo visual. Algumas espécies, como os golfinhos nariz-de-garrafa, podem concentrar-se em objetos que estejam muito perto, utilizando a visão binocular.
No mês de abril, um grupo de 40 golfinhos comuns nadam ao longo das costas espanholas do Mediterrâneo. Os adultos sabem que, nesta época, os bancos de peixes se reúnem no oceano Atlântico e, sem duvidar, rumam para o Estreito de Gibraltar. Depois de nadar três dias, os golfinhos entram no Atlântico. Acabam de percorrer 600Km em mar aberto sem se enganarem! O cérebro dos golfinhos contém pequenas partículas de ferro. Estes imãs, em miniatura, orientam-se como bússolas em relação ao campo magnético terrestre.
Uma vez no oceano Atlântico, os adultos emitem um série de sons para avisar a todo o grupo de que já podem começar a caçada. Para caçar, os golfinhos emitem uma série de ondas sonoras. Usam o sonar que têm na cabeça. O sonar analisa o eco das ondas, que reverberam nos objetos situados abaixo da linha de água. Assim podem reconhecer as suas presas. Algumas espécies utilizam a região da mandíbula para detectarem vibrações de baixa freqüência, utilizando receptores de pressão que lhes permite calcular as velocidades de deslocação. Uma fêmea localiza um banco de arenques. Imediatamente, os golfinhos circundam os peixes e, com os sonares, emitem ondas sonoras para aturdir as presas. Depois disso, os golfinhos abocanham os arenques.
Os golfinhos não conseguem mastigar a comida, eles pegam-na com os dentes e a engolem inteira.
O cérebro do golfinho, em relação ao tamanho do corpo, é bem maior que o cérebro humano e possui muito mais circunvoluções e entranhas. Alguns estudiosos atribuem isto ao fato de serem mais desenvolvidos e inteligentes que nós da espécie humana (mesmo porque possuem mais de 60 milhões de anos de evolução e nós, apenas 2,5); outros, ainda, entendem que tais circunvoluções existiriam pelo fato de possuírem um sonar. É exatamente através deste sonar que localizam, mesmo à noite, no escuro, os peixes embaixo d'água e o ambiente ao redor. Um golfinho de olhos vendados consegue ‘enxergar’ tudo à sua voltar, duplicando o ambiente real numa imagem em terceira dimensão, composta dentro do cérebro. A câmara deste sonar é o que se chama de melão: é aquela cabeça/testa protuberante do golfinho.
Sentidos
A pele deles é muito específica, e tem um sistema complexo e organizado de terminações nervosas, abundantes e de grande sensibilidade. A pele é muito suave e fere-se facilmente, da mesma forma que também se cura muito depressa. Uma função importante da pele é ajudar a nadar mais eficazmente, uma vez que funciona como sensor de pressão - detecta os pontos da superfície do corpo sobre os quais exista excesso de pressão ou deformação, de modo a adaptar em cada momento, a adequada forma do corpo, para poder nadar.
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O olfato é bastante limitado dentro da água e também fora dela. Ainda que a presença de quimioreceptores nos permita supor que, através das fezes e da urina, possam detectar outros golfinhos do grupo, assim como captar características químicas das correntes de água e a trajetória seguida pelas suas fontes alimentares.
Nos cetáceos não existe a relação olfato-paladar como nos mamíferos terrestres. No entanto, os órgãos gustativos permitem aos golfinhos nariz-de-garrafa diferenciar sabores, segundo as suas preferências por certos peixes.
Inteligência
Possuem uma linguagem própria, a qual está ainda sendo pesquisada e estudada.
Os golfinhos sempre foram amigos de nossa espécie, estando presentes na vida da humanidade, desde os primórdios, passando pelos tempos da Grécia e de Roma até os dias atuais. Na antigüidade, o golfinho sempre foi considerado Sagrado.
O professor da Universidade Casper Líbero (SP), doutor em Comunicação e autor do livro Ecologia e Biomidiologia, Flávio Calazans, grande admirador e estudioso dos golfinhos, conta que conta que Ulisses, o herói grego que idealizou o cavalo de tróia tinha como brasão um golfinho, o que demonstra que para os helênicos esses animais representavam a inteligência, esperteza, saúde e salvação, e muitas vezes eram associados a deuses como Hermes, Eros, Afrodite e Apolo. Tais divindades costumavam ser apresentadas cavalgando golfinhos.
Na Mesopotâmia há lendas bem mais antigas. Uma delas afirma, por exemplo, que a Babilônia teria sido fundada por deuses-golfinhos. Sobre a ilha perdida da Atlântida, citada por Platão como continente afundado, há histórias ocultistas que se referem aos animais como ancestrais divinos dos reis atlantes.
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Em um texto, Caldeu diz o seguinte: E os homens da terra jamais foram dignos do amor que lhes deram seus irmãos de sangue das profundezas marinhas.
Um poeta da antigüidade, Oppiano, escreveu: Mas os golfinhos não esqueceram que já foram homens e mesmo em sua alma inconsciente, guardam esta lembrança.
Na Grécia antiga, um hino atribuído à Homero recorda que Apolo, Deus do Olimpo e filho de Zeus, logo após seu nascimento na Ilha Sagrada de Delos, no Mar Egeu, teria se transformado num golfinho e nadado desde a ilha até o local que ficou conhecido como Delfos. Apolo, ali chegando, eliminou as divindades subterrâneas, matando a flechadas a serpente Píton, substituindo-a e transmitindo, desde então, seus oráculos através da sacerdotisa chamada de Pítia, mais tarde conhecida como Sibila Délfica. Foi também entre os gregos que surgiu o primeiro relato de um homem salvo pelos golfinhos. Airion estava em um navio, indo de Corinto à Sicília, quando marinheiros roubaram seu ouro e o jogaram no mar. Um golfinho o levou nas costas até a praia, salvando sua vida.
É sabido que em Nápoles, na Itália, também na Antigüidade, um menino atravessava a nado a baía do local, todos os dias, para ir à escola. Era acompanhado diariamente por um golfinho com o qual fez profunda amizade. Certo dia, acometido por um mal, o menino veio a falecer. Quantos não viram o golfinho procurando por ele em desespero, o qual, depois de certo tempo, foi encontrado morto! A iconografia Cristã identificou o golfinho ao Cristo, entregando-se e sacrificando-se todos os dias pelos homens. Só tempos depois é que o golfinho foi substituído pelo peixe e, posteriormente, pela cruz. O escritor francês Jean de la Fontaine, em uma de suas fábulas, O Símio e o Golfinho (Le Singe et le Dauphin), escreveu: ‘Um navio naufragou não muito longe de Atenas. Sem os golfinhos tudo teria se perdido. Este animal é um grande amigo de nossa espécie: em sua História, Plínio recorda... é necessário crer. Ele salvou tudo o que pôde.’
Golfinhos desgarrados ou banidos de seus bandos são criaturas fragilizadas, que procuram amizade e aproximação com os homens. Na Espanha, o oceanógrafo Francês Jacques Cousteau, em pessoa, filmou a história de uma fêmea de golfinho, chamada Nina, que sempre acompanhava um mergulhador nas costas do Mar Mediterrâneo. Há relatos até mesmo bizarros, como a história de uma australiana que era incomodada na praia por um golfinho macho, muito abusado, que insistia em se mostrar excitado com a presença dela dentro d’água. Ainda na Austrália, nas costas do lado oeste, chamado de Outback, há uma praia chamada Monkey Mia, onde uma grupo de golfinhos vem pedir comida diariamente, tendo já se tornado uma atração conhecida internacionalmente. Aqui no Brasil, em Santa Catarina, sempre houve uma parceria entre os botos-franciscana e golfinhos de um lado, e pescadores, do outro. Os golfinhos vêm e empurram os peixes para as redes, acuando-os, dando tempo para que se fartem e ainda sobre muito para os pescadores. Este conhecimento e parceria é passado de pais para filhos, tanto do lado humano como dos golfinhos!
Na Amazônia fala-se que, durante os naufrágios, os botos aparecem para ajudar a salvar as vítimas. Nas lendas amazônicas, o boto é sempre mostrado como inteligente e sensual.
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O filósofo grego Aristóteles fez várias observações empíricas desses animais e concluiu que eles têm uma linguagem verbal semelhante à humana.
Saindo da área mística para a científica, Calazans também cita frases de grandes nomes para embasar seu fascínio. Enquanto o pesquisador e explorador submarino Jacques Cousteau os chamava de ‘intelectuais dos mares’, o astrofísico Carl Sagan disse uma vez que somos a única espécie com a qual os golfinhos poderiam realizar experiências psicológicas. O escritor norte-americano Arthur C. Clarke, por sua vez, chegou a afirmar que são animais que possuem uma literatura oral, uma história e filosofia não-escritas que revelariam uma sofisticada cultura passada de geração em geração, através de seus cantos marinhos.
Adriel Dolphin
Outro fato relacionado por Calazans refere-se a uma experiência vivida pelo médico John Lilly, em 1954. Ele mergulhou nu em água a 34 graus Celsius e, sem sentir calor nem frio, ficou boiando em um tanque escuro. Sem som, luz, nem gravidade, Lilly flutuou por muitas horas durante as quais relatou ter tido visões, transes místicos e viagens astrais – o experimento é registrado no filme Estados Alterados. A força de tal vivência mudou sua visão acerca do mundo e de si próprio, levando Lilly a se dedicar a pesquisas sobre aqueles animais que vivem o tempo todo livres da gravidade, flutuando no mar. A partir desses estudos, conseguiu ensinar um casal de golfinhos filhotes a falar 30 palavras em inglês, combinando verbos, pronomes e substantivos, descobrindo que os animais articulavam frases e comunicavam-se verbalmente na língua inglesa.
Em uma das experiências, Lilly falou para o macho: Joe, fundo piscina, disco plástico, trazer caixa boiando. Joe desceu e escolheu um entre os dois discos plásticos e o colocou na caixa que boiava.
A descoberta mais recente foi de que os golfinhos chamam uns aos outros por nomes próprios.
Cientistas da Universidade de St. Andrews, na Escócia, gravaram os chamados dos golfinhos e alteraram o timbre por computador. Depois colocaram o chamado na água. Dos 14 animais pesquisados, nove responderam ao chamado. Isso significa que eles reconhecem não só o timbre da mensagem, mas também seu conteúdo, no caso, seu nome. Uma pesquisa anterior, de 2001, realizada na Universidade Columbia, nos EUA, ele descobriu que os golfinhos também são capazes de reconhecer seu reflexo no espelho.
Lilly descobriu que esses animais também têm uma ética e um sentimento de grupo avançados. Quando um golfinho é ferido, todo o grupo retarda a velocidade e alimenta o ferido até que ele fique curado.
Outros animais que parecem ter uma inteligência apurada são as baleias. O cientista Carl Sagan descobriu que elas cantam longos cânticos ritmados que ele deduziu serem poemas épicos. Além disso, as baleias sabem contar os meses do ano da mesma forma que nós. Em janeiro elas, em meio a um de suas canções, emitem um silvo característico. Em fevereiro são dois silvos. Em março três e assim sucessivamente até o final do ano, quando o ciclo que reinicia. Se Sagan estiver certo, as baleias contam o tempo e fazem observações astronômicas. O mesmo pode ser dito dos golfinhos.