PRETO VELHO
Por Mãe Josefa Oliveira Cruz (dona Zizi) e Mãe Maria Cristina Tedesco Ruiz
A Umbanda sem Preto Velho, não é Umbanda!
Eles são um dos pilares da tríade sagrada da Umbanda – Preto Velho, Caboclo e Erê, simples resumo do ciclo da vida; a criança, o adulto e o ancião.
A linha de pretos velhos trabalha para Yorimá, Orixá que atua nessa falange e que carrega várias qualidades de pretos velhos, por isso os nomes Pai Joaquim do Congo, Pai João da Calunga, entre outros, cada um deles vibrando numa energia diferente, numa das 7 escadas que Yorimá governa.
Os pretos velhos tem muita força, dão equilíbrio, discernimento, tem um carinho muito grande pelas pessoas, uma paciência e amor enormes. São grandes mestres e trabalham desmanchando magia negra, curando, receitando, benzendo, aconselhando. Tudo que vc imaginar o preto velho pode e faz. Eles são muito sábios, tem muito axé! É muito importante os filhos no santo da Casa terem contato com os pretos velhos, seus ensinamentos e principalmente o respeito e a compreensão que eles tem por nossos sofrimentos, nossas ansiedades, tendo um grande dom para nos acalmar, nos fazer compreender o poder da paciência, da humildade, do respeito, da compaixão, do amor, do perdão. Apenas com suas palavras doces, seu tom de voz tranquilo, sua bondade e sabedoria simples nos limpam, nos reequilibram e nos dão força para seguir em frente.
“As entidades que trabalham comigo são a Vó Miquelina e o Pai Joaquim. Vó Miquelina é uma senhora muito sábia, tem um conhecimento profundo de ervas, por isso acredito que ela deva estar sob a égide de Ossaim, tanto para a magia umbandista quanto para os trabalhos de cura. Ela tem um poder de manipulação energética muito grande, buscando, misturando, transformando e criando energias, realizando verdadeiros milagres. Ela é uma grande alquimista.
Pai Joaquim é um grande mestre e mostra para as pessoas o que a perseverança pode trazer na vida de cada um. Se não houver perseverança não existe magia, não existe trabalho, não existe nada que resolva.” Mãe Cristina
Os erês respeitam muito os pretos velhos. Mais uma vez a espiritualidade nos mostra o ciclo da vida: a criança aprende com o mais velho, se torna adulta agindo com este conhecimento e mais velha ensinará às novas crianças. As crianças mostram para todos nós o respeito que temos de ter com a sabedoria dos mais velhos. Percebemos muito isso quando a criança fala – “ a minha vó mandou eu ter respeito…”, – “a minha vó mandou eu ter cuidado…” – “o meu avô mandou eu prestar atenção…” Na verdade, a informação é preste mais atenção àquele que é mais antigo que vc, mais sábio, mais vivido.
Nesta Casa já aconteceram vários milagres com essa linha. Eles trabalham muito com ervas como arruda, manjericão, guiné, boldo, alecrim, folha de fumo, louro, manjerona, sálvia … São fáceis de encontrar e algumas são muito usadas na culinária. Elas são boas para tirar inflamações, dores… vc coloca a erva no álcool e um pouco de alfazema, deixa curtir, pede para o preto velho benzer e usa externamente sobre o local inflamado e vc sente melhorar, a dor passa. Eles tem o poder da cura e nós temos o poder da Fé.
A lágrima- de- Nossa- Senhora é conta de preto velho, por que no começo da historia, não existiam contas, não existiam árvores que tivessem sementes tão fáceis de serem achadas, manipuladas e duráveis, e a lágrima- de- Nossa- Senhora está praticamente pronta na natureza. Então os negros se apropriaram dessas sementes para fazerem os seus rosários, muito utilizados pelos pretos velhos em rezas e benzimentos.
Hoje, no Vaticano, você encontra muitos rosários de semente de azeitona, porque na Itália tem um clima propício e a cultura da plantação de oliva.
Se você estiver com uma inflamação na boca ou dor de garganta e colocar uma semente de lágrima- de- Nossa- Senhora na boca e ficar rolando-a (sem engolir), ameniza a inflamação. Você pode fazer chá, gargarejo…
Os pretos velhos, sentadinhos ali, curvados, fazem suas orações, suas mandingas e trabalham com toda a força. Se tivéssemos a paciência deles os problemas ficariam mais claros, mais fáceis de resolver… se a humanidade hoje andasse mais devagar, menos ansiosa, iriamos mais longe.
É muito bom incorporar um preto velho e quando chega uma pessoa na frente dele, passando mal, com suas aflições, perdido, ele conversa, abraça, transmite palavras de amor, coloca a pessoa para cima… a pessoa sai bem dali, curada. Preto velho trabalha com toda a calma do mundo, atende a todos, mesmo se tiver de passar a noite toda ali ajudando as pessoas. Eles tem muito amor, é maravilhoso.
“No período que estive na praia, era apenas eu e o Pai Adriano, apenas os dois. Um dia tinhamos 25 pessoas para serem atendidas em 2 horas. Então fui bater cabeça no Congá e com fé na egrégora da casa e nos guias abrimos a gira. Aquele monte de gente em pé, sentada… e quem vem para trabalhar? Vó Miquelina, em exatos 45 minutos ela atendeu as 25 pessoas… eu sei que foi nessa velocidade por que me contaram . Ela sentou, atendeu todo mundo… na gira seguinte, voltaram e disseram que nunca foram tão bem atendidos. Como ela fez isso? Milagre de Preto Velho!” Mãe Cristina
“Já tive a oportunidade de ouvir Pai Valente, preto velho que assiste o Sr Barone, contando sua história quando vivo, de sofrimento, tortura, escravidão, humilhação e com sua fé conseguiu se desprender do ódio, da vingança, das dores do cativeiro. Eles são iluminados por Deus e Maria Santíssima… Muito obrigado aos pretos velhos por tudo e por nos acompanharem nesta jornada.” Mãe Zizi
“Agradeço a Casa de São Lázaro a oportunidade de realizar essa Gira, retomando um trabalho já existente e fortalecendo cada vez mais essa corrente, vontade semeada pelo Pai Alexandre, por que para mim é uma benção e se fui merecedora agradeço muito a Oxalá e a essa corrente iluminada que são os pretos velhos.” Mãe Cristina
Porque vocês decidiram se juntar e recomeçar na Casa a Gira de Preto Velho?
O Pai Alexandre pedia há anos que alguém assumisse a Gira de Preto Velho na Casa, no período da tarde. Numa reunião da hierarquia, eu propus à Mãe Zizi tocarmos essa Gira e disse que era uma oportunidade para estarmos juntas e compartilharmos nossos conhecimentos. Assumimos juntas e na abertura o César e o Thiago (Filhos no Santo) juntaram-se a nós. E está crescendo, hoje temos 12 pessoas na corrente e a assistência cada vez maior. Atendemos 5, 7, 9, 20 e hj atendemos 28 pessoas (08 de maio). A cada gira o crescimento é muito grande e nós duas cada vez mais companheiras.
Pensávamos que viriam pessoas com mais idade por causa do horário, mas muita gente nova, muitas crianças, inclusive de colo e trabalhamos de todas as formas (cura, desobsessão, quebra de demanda…). Hoje, por exemplo, quem veio trabalhar foi um erê, outro dia um caboclo, mas independentemente da entidade que está em terra, é muito claro a quem pertence o comando, é uma gira da sabedoria dos pretos velhos administrando o caos.
O mais importante hoje é que eu e a Mãe Zizi, duas mulheres fortes de personalidade e tudo o mais, nos tornamos comparsas. O tempo todo estamos discutindo qual a melhor maneira de fazer o trabalho juntando nossos conhecimentos. Não tem competitividade, estamos o tempo todo trocando e aprendendo uma com a outra. Não existe a que fala mais ou a que sabe mais. Trazemos para os que estão à nossa volta a possibilidade de aprenderem, como os pretos velhos fazem conosco. As pessoas são diferentes e cada um está no seu momento, tem o seu jeito, sua maneira de agir e pensar, e também precisam aprender. Quando erramos precisamos reconhecer nosso erro, não podemos pisar no outro em lugar algum que estivermos. Se a humanidade enxergasse isso o mundo estaria mais feliz, mais iluminado… Receberíamos por mérito mais um poder de Deus em nossas mãos, mais um presente do Pai.
Se nós estamos na Umbanda é porque precisamos de um polimento maior e se conseguirmos perceber que podemos ser diamantes um dia, mas por enquanto ainda somos carvões, chegaremos lá! Mas este é um esforço muito grande e tem de partir da nossa vontade de nos transformarmos.
Estamos trabalhando para a Umbanda e com este foco nossas vaidades, nossas diferenças (que são muitas) desaparecem, porque nos demos a oportunidade de fazer diferente, vivenciar e transmitir que dessa forma a vida é mais fácil, mais leve, mais feliz, mais próspera e, sem dúvida, forças unida para um bem maior tem um poder de transformar o mundo, começando pelo nosso pequeno mundo. Acreditamos que essa vontade chegou a nós pela sabedoria dos pretos velhos.
Salve os pretos velhos!
Adorei as almas.
A Umbanda sem Preto Velho, não é Umbanda!
Eles são um dos pilares da tríade sagrada da Umbanda – Preto Velho, Caboclo e Erê, simples resumo do ciclo da vida; a criança, o adulto e o ancião.
A linha de pretos velhos trabalha para Yorimá, Orixá que atua nessa falange e que carrega várias qualidades de pretos velhos, por isso os nomes Pai Joaquim do Congo, Pai João da Calunga, entre outros, cada um deles vibrando numa energia diferente, numa das 7 escadas que Yorimá governa.
Os pretos velhos tem muita força, dão equilíbrio, discernimento, tem um carinho muito grande pelas pessoas, uma paciência e amor enormes. São grandes mestres e trabalham desmanchando magia negra, curando, receitando, benzendo, aconselhando. Tudo que vc imaginar o preto velho pode e faz. Eles são muito sábios, tem muito axé! É muito importante os filhos no santo da Casa terem contato com os pretos velhos, seus ensinamentos e principalmente o respeito e a compreensão que eles tem por nossos sofrimentos, nossas ansiedades, tendo um grande dom para nos acalmar, nos fazer compreender o poder da paciência, da humildade, do respeito, da compaixão, do amor, do perdão. Apenas com suas palavras doces, seu tom de voz tranquilo, sua bondade e sabedoria simples nos limpam, nos reequilibram e nos dão força para seguir em frente.
“As entidades que trabalham comigo são a Vó Miquelina e o Pai Joaquim. Vó Miquelina é uma senhora muito sábia, tem um conhecimento profundo de ervas, por isso acredito que ela deva estar sob a égide de Ossaim, tanto para a magia umbandista quanto para os trabalhos de cura. Ela tem um poder de manipulação energética muito grande, buscando, misturando, transformando e criando energias, realizando verdadeiros milagres. Ela é uma grande alquimista.
Pai Joaquim é um grande mestre e mostra para as pessoas o que a perseverança pode trazer na vida de cada um. Se não houver perseverança não existe magia, não existe trabalho, não existe nada que resolva.” Mãe Cristina
Os erês respeitam muito os pretos velhos. Mais uma vez a espiritualidade nos mostra o ciclo da vida: a criança aprende com o mais velho, se torna adulta agindo com este conhecimento e mais velha ensinará às novas crianças. As crianças mostram para todos nós o respeito que temos de ter com a sabedoria dos mais velhos. Percebemos muito isso quando a criança fala – “ a minha vó mandou eu ter respeito…”, – “a minha vó mandou eu ter cuidado…” – “o meu avô mandou eu prestar atenção…” Na verdade, a informação é preste mais atenção àquele que é mais antigo que vc, mais sábio, mais vivido.
Nesta Casa já aconteceram vários milagres com essa linha. Eles trabalham muito com ervas como arruda, manjericão, guiné, boldo, alecrim, folha de fumo, louro, manjerona, sálvia … São fáceis de encontrar e algumas são muito usadas na culinária. Elas são boas para tirar inflamações, dores… vc coloca a erva no álcool e um pouco de alfazema, deixa curtir, pede para o preto velho benzer e usa externamente sobre o local inflamado e vc sente melhorar, a dor passa. Eles tem o poder da cura e nós temos o poder da Fé.
A lágrima- de- Nossa- Senhora é conta de preto velho, por que no começo da historia, não existiam contas, não existiam árvores que tivessem sementes tão fáceis de serem achadas, manipuladas e duráveis, e a lágrima- de- Nossa- Senhora está praticamente pronta na natureza. Então os negros se apropriaram dessas sementes para fazerem os seus rosários, muito utilizados pelos pretos velhos em rezas e benzimentos.
Hoje, no Vaticano, você encontra muitos rosários de semente de azeitona, porque na Itália tem um clima propício e a cultura da plantação de oliva.
Se você estiver com uma inflamação na boca ou dor de garganta e colocar uma semente de lágrima- de- Nossa- Senhora na boca e ficar rolando-a (sem engolir), ameniza a inflamação. Você pode fazer chá, gargarejo…
Os pretos velhos, sentadinhos ali, curvados, fazem suas orações, suas mandingas e trabalham com toda a força. Se tivéssemos a paciência deles os problemas ficariam mais claros, mais fáceis de resolver… se a humanidade hoje andasse mais devagar, menos ansiosa, iriamos mais longe.
É muito bom incorporar um preto velho e quando chega uma pessoa na frente dele, passando mal, com suas aflições, perdido, ele conversa, abraça, transmite palavras de amor, coloca a pessoa para cima… a pessoa sai bem dali, curada. Preto velho trabalha com toda a calma do mundo, atende a todos, mesmo se tiver de passar a noite toda ali ajudando as pessoas. Eles tem muito amor, é maravilhoso.
“No período que estive na praia, era apenas eu e o Pai Adriano, apenas os dois. Um dia tinhamos 25 pessoas para serem atendidas em 2 horas. Então fui bater cabeça no Congá e com fé na egrégora da casa e nos guias abrimos a gira. Aquele monte de gente em pé, sentada… e quem vem para trabalhar? Vó Miquelina, em exatos 45 minutos ela atendeu as 25 pessoas… eu sei que foi nessa velocidade por que me contaram . Ela sentou, atendeu todo mundo… na gira seguinte, voltaram e disseram que nunca foram tão bem atendidos. Como ela fez isso? Milagre de Preto Velho!” Mãe Cristina
“Já tive a oportunidade de ouvir Pai Valente, preto velho que assiste o Sr Barone, contando sua história quando vivo, de sofrimento, tortura, escravidão, humilhação e com sua fé conseguiu se desprender do ódio, da vingança, das dores do cativeiro. Eles são iluminados por Deus e Maria Santíssima… Muito obrigado aos pretos velhos por tudo e por nos acompanharem nesta jornada.” Mãe Zizi
“Agradeço a Casa de São Lázaro a oportunidade de realizar essa Gira, retomando um trabalho já existente e fortalecendo cada vez mais essa corrente, vontade semeada pelo Pai Alexandre, por que para mim é uma benção e se fui merecedora agradeço muito a Oxalá e a essa corrente iluminada que são os pretos velhos.” Mãe Cristina
Porque vocês decidiram se juntar e recomeçar na Casa a Gira de Preto Velho?
O Pai Alexandre pedia há anos que alguém assumisse a Gira de Preto Velho na Casa, no período da tarde. Numa reunião da hierarquia, eu propus à Mãe Zizi tocarmos essa Gira e disse que era uma oportunidade para estarmos juntas e compartilharmos nossos conhecimentos. Assumimos juntas e na abertura o César e o Thiago (Filhos no Santo) juntaram-se a nós. E está crescendo, hoje temos 12 pessoas na corrente e a assistência cada vez maior. Atendemos 5, 7, 9, 20 e hj atendemos 28 pessoas (08 de maio). A cada gira o crescimento é muito grande e nós duas cada vez mais companheiras.
Pensávamos que viriam pessoas com mais idade por causa do horário, mas muita gente nova, muitas crianças, inclusive de colo e trabalhamos de todas as formas (cura, desobsessão, quebra de demanda…). Hoje, por exemplo, quem veio trabalhar foi um erê, outro dia um caboclo, mas independentemente da entidade que está em terra, é muito claro a quem pertence o comando, é uma gira da sabedoria dos pretos velhos administrando o caos.
O mais importante hoje é que eu e a Mãe Zizi, duas mulheres fortes de personalidade e tudo o mais, nos tornamos comparsas. O tempo todo estamos discutindo qual a melhor maneira de fazer o trabalho juntando nossos conhecimentos. Não tem competitividade, estamos o tempo todo trocando e aprendendo uma com a outra. Não existe a que fala mais ou a que sabe mais. Trazemos para os que estão à nossa volta a possibilidade de aprenderem, como os pretos velhos fazem conosco. As pessoas são diferentes e cada um está no seu momento, tem o seu jeito, sua maneira de agir e pensar, e também precisam aprender. Quando erramos precisamos reconhecer nosso erro, não podemos pisar no outro em lugar algum que estivermos. Se a humanidade enxergasse isso o mundo estaria mais feliz, mais iluminado… Receberíamos por mérito mais um poder de Deus em nossas mãos, mais um presente do Pai.
Se nós estamos na Umbanda é porque precisamos de um polimento maior e se conseguirmos perceber que podemos ser diamantes um dia, mas por enquanto ainda somos carvões, chegaremos lá! Mas este é um esforço muito grande e tem de partir da nossa vontade de nos transformarmos.
Estamos trabalhando para a Umbanda e com este foco nossas vaidades, nossas diferenças (que são muitas) desaparecem, porque nos demos a oportunidade de fazer diferente, vivenciar e transmitir que dessa forma a vida é mais fácil, mais leve, mais feliz, mais próspera e, sem dúvida, forças unida para um bem maior tem um poder de transformar o mundo, começando pelo nosso pequeno mundo. Acreditamos que essa vontade chegou a nós pela sabedoria dos pretos velhos.
Salve os pretos velhos!
Adorei as almas.