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terça-feira, 16 de julho de 2013

Pombagira Maria Padilha das Sete Encruzilhadas.

Pombagira Maria Padilha das Sete Encruzilhadas.

Nascida por volta de 300 AC, no Egito, na planície de Gizé as margens do Rio Nilo, onde viveu até seus 15 anos, dona de rara beleza e curvas sinuosas, conheceu seu amor Plácido, algum tempo depois Tebas foi invadida por soldados romanos e ela foi levada por um centurião romano para Roma, onde passou a ser escrava.

Ela não suportava a distância e a saudades do seu grande amor que ficou no Egito, obstinada por sua liberdade acaba envenenando seu raptor, sem ser apanhada pelo crime cometido ela passa a ser de outro centurião, indignada planeja de outra forma a morte de seu dono, após conseguir sua intenção, novamente muda de posse por outras cinco vezes.


Hoje, na Umbanda trabalha pela fé e esperança, desfazendo trabalhos, libertando as pessoas das correntes que nos aprisionam, trazendo aos seus protegidos muito fé e coragem em suas jornadas.

Ela sempre foi discreta em suas incorporações... Compenetrada e objetiva em suas respostas.

Sempre olhou firmemente nos olhos das pessoas, explicando detalhadamente a situação. Nunca omitiu a verdade. Ela canta seu ponto e explica sua história:

"Maria Padilha vem na Linha do Cemitério, Maria Padilha vem na Linha do Cemitério, ela não ri, ela não ri, ela sempre fala sério! Ela não ri, ela não ri, ela sempre fala sério." (...)

Possui muitos filhos para resgatar. Ama a todos e não quer perder nenhum. Enquanto não vê-los sãos e salvos não deixará de trabalhar e escolheu a Calunga para isso. Ela é guardiã dos mistérios femininos.

São socorristas nas regiões Umbralinas e mensageiras da nossa Mãe Maria. Trabalham resgatando os espíritos mais corrompidos da esfera terrestre.

As pombagiras vão aonde ninguém mais vai: no mais baixo umbral!

E com amor e abnegação recuperam um ser extraviado de sua família. Usam a aparência sedutora para auxiliar no resgate... Assim caminham pelas esferas umbralinas sem chamarem a atenção. Não se vestem de "anjos" para não assustar o socorrido. Como mulheres "mundanas" podem passar desapercebidas pelos seres umbralinos e são aceitas com menor desconfiança pelo resgatado.

Cumpre sua missão com amor abnegado.
Morreu numa Arena, por se recusar a seguir as ordens dadas pelo Imperador.

As Pombas Giras são socorristas nas regiões Umbralinas e mensageiras da nossa Mãe Maria.

As Pombas Giras são socorristas nas regiões Umbralinas e mensageiras da nossa Mãe Maria. Trabalham resgatando os espíritos mais corrompidos da esfera terrestre.

As pombagiras vão aonde ninguém mais vai: no mais baixo umbral!

E com amor e abnegação recuperam um ser extraviado de sua família. Usam a aparência sedutora para auxiliar no resgate... Assim caminham pelas esferas umbralinas sem chamarem a atenção. Não se vestem de "anjos" para não assustar o socorrido. Como mulheres "mundanas" podem passar desapercebidas pelos seres umbralinos e são aceitas com menor desconfiança pelo resgatado.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

LÁGRIMA-DE-NOSSA-SENHORA

LÁGRIMA-DE-NOSSA-SENHORA

por Pedro Crepaldi Carlessi (Pedrinho) – Ogã
No dia 13 de maio, juntamente com a comemoração da abolição da escravatura, a Umbanda entra em festa para saudar uma das suas linhas de trabalho mais antiga: os Pretos Velhos.
E quais são as ervas de preto velho? Ora, toda erva pode ser utilizada por pretos velhos! Embora muitos textos disponíveis na internet classifiquem as ervas pelos diferentes guias espirituais (ervas de caboclo, de preto velho, de boiadeiro, etc), observamos que na prática, essa classificação é bastante falha. As plantas utilizadas na Umbanda variam de acordo com as espécies botânicas disponíveis na região, cultura e tradição da casa de santo. As entidades espirituais que atuam nas sessões de passe e consulta utilizam estas espécies como ferramenta de trabalho e escolhem as ervas de acordo com a necessidade do consulente.
Porém, se existe uma planta que é tipicamente de pretos velhos, esta planta é a Lágrima-de-Nossa-Senhora (Coix lacryma-jobi L.), também conhecida por Capiá, Capim-Rosário, Capim-de-Conta e Capim-Missanga. Embora seja nativa da Ásia, a planta se adaptou tão bem no Brasil que hoje é utilizada em terreiros do país inteiro. Na casa de São Lázaro, as folhas são empregadas no preparo do amací de Oxum e Iansã, mas o grande segredo dessa planta está nas sementes!
A semente da Lágrima-de-Nossa-Senhora é rígida e globulosa, naturalmente já é polida e perfurada ao centro. Sua coloração varia entre o preto e branco, cores do Orixá Obaluaiê, regente desta linha de espíritos. A simplicidade do material, beleza e significado destas sementes, faz com que ela seja a preferida dos pretos velhos para confecção de fios de conta, rosários e patuás.
Plantar uma Lágrima-de-Nossa-Senhora é tarefa simples: Deixe as sementes de molho em água por um dia. Em seguida, plante em terra adubada. Entre uma e duas semanas os brotos já terão germinado e em 4-5 meses, você já poderá colher as suas bio-jóias!
Lágrima de Nossa Senhora
Salve os mestres da sabedoria e da humildade! Salve os pretos velhos!
Axé!

ESPADA DE OGUM

ESPADA DE OGUM

por Pedro Crepaldi Carlessi (Pedrinho) – Ogã
A espada de São Jorge (Sansevieria trifasciata, L), também conhecida por espada de Ogum, rabo-de-lagarto e língua-de-sogra é uma das mais importantes ervas do culto afro-brasileiro e uma entre as muitas plantas trazidas pelos escravos africanos ao Brasil. Acredita-se que seja nativa da região entre Nigéria e Congo, porém, não foi só por aqui que a espada se estabeleceu: na China e Japão é conhecida por rabo-de-tigre, e na Turquia como espada-de-paxá.
Espada de Ogum
Na umbanda, é utilizada em banhos, amacís, rituais de bate-folha, no afaste de eguns e de energias densas, podendo também ser usada como protetora de ambientes, quando em vasos. A espada de São Jorge é a principal folha de Ogum, orixá guerreiro filho de Yemanjá, senhor do ferro e do fogo. Assim como o orixá, a espada de São Jorge é uma protetora por excelência.
Por ser uma erva de limpeza poderosa, o banho com Espada de São Jorge deve ser restrito para limpezas profundas. Ervas como esta, quando usadas repetidamente, removem as energias densas e também as sutis, enfraquecendo aquele que a faz uso.
Embora seja pouco comum, a espada de São Jorge pode ser irritante quando em contato com a pele. Coincidência ou não, muitas plantas utilizadas para a limpeza astral são ricas em substâncias químicas irritantes como, neste caso, poliacetilenos e outros ácidos orgânicos. Ao utilizar a planta em banhos, fique sempre atento a sinais na pele e coceiras, evite banhos muito concentrados e jamais faça chás com esta planta.
Ao coletar a espada para preparar o seu banho, lembre-se de saudar Ossaim, senhor de todas as folhas, e Exu. Assim como nós, as plantas também possuem protetores. Os reverencie com pontos cantados ou orações e peça licença para utilizar aquele vegetal.
Quer uma espada de São Jorge para proteger a sua casa? O cultivo dessa erva é muito fácil. As mudas podem ser preparadas por estaquia com as folhas, ou por divisão do rizoma (raiz). Adapta-se bem a vasos, não exige muita luz ou solos férteis e permanece firme mesmo com pouca água.
Lembre-se, a natureza é a manifestação viva dos Orixás. Se disponha a interagir com as plantas e cultive as espécies que mais utiliza. Respeite e cuide da mãe terra com amor, afinal, somos filhos dela e a ela retornaremos.
Axé!

CIGANOS

CIGANOS

por Mãe Edina de Carvalho Varino
foto: Lilyana Israele
foto: Lilyana Israele
Agradeço pela oportunidade e gentil convite para expressar meu carinho sobre o Povo Cigano. Mesmo pertencendo à Umbanda há tanto tempo e sendo essa uma das linhas de maior afinidade para mim, se não for a maior, não me considero conhecedora desse povo, mas sim uma grande admiradora.
Acredito que os espíritos que trabalham nessa linha, não necessariamente foram em outra passagem um(a) cigano(a), mas são em primeiro lugar espíritos trabalhadores comprometidos com um propósito maior da Lei Divina: Trazer alegria, cura para as dores de amor ou falta dele, ensinar a amar sem julgamentos e a perdoar.
As giras ciganas são retrato de toda essa expressão de alegria, associada à magia que lhes são peculiares. Roupas alegres, coloridas e ricas em adornos, muita música, comida e bebida fartas, também gostam de flores, beleza e organização. Trabalham com punhais, moedas, frutas, mel, fitas, lenços, jogos de adivinhação e leitura de mãos. Mesmo quando não há fogueira, utilizam em seus rituais a energia do fogo, como forma de transmutação. Os ciganos falam com o olhar e prezam muito o poder da “palavra” e por esse motivo honram seus tratos.
Sou admiradora dessa linha que foi a fonte inspiradora do meu ritual de união matrimonial há 4 anos atrás.
Eu e o Fábio “de fato” nos falamos e nos conhecemos na festa cigana realizada na Chácara em Pinhalzinho no ano de 2008, nosso casamento foi realizado no Ciesl em 21.03.2009. Escolhemos em sinal de admiração e gratidão à essa linha, que todo cerimonial lembrassem as tradições ciganas, adaptado à cerimônia umbandista.
Assim como as noivas tradicionais vestem branco, escolhemos a roupa cigana como traje dos noivos e padrinhos, eu estipulei as cores Lilás e Roxo como as cores da noiva, em homenagem à Cigana Salete que trabalha comigo na Umbanda. O convite era um “pergaminho”, a decoração colorida e com muitas flores e velas. Contratamos um Grupo Cigano de verdade (rs) para tocar na cerimônia religiosa e fazer durante a festa o ritual da fertilidade. Além das comidas tradicionais de casamento, oferecemos uma mesa de frutas e ponche, e a lembrancinha era um pequeno baú de madeira com pedras semipreciosas in natura.
Enfim, há muito que aprender sobre esse povo, suas reais origens e tradições. Um povo que sofreu com o preconceito e perseguições, que pagou muitas vezes com a própria vida pelos seus ideais de liberdade. Mas há muito mais o que agradecer por outro lado, a essa Linha que trabalha incansavelmente na Umbanda pelo Bem Maior.
Meu sincero respeito aos ciganos encarnados e minha eterna reverência e gratidão à Linha Cigana.
Axé!!!!!

PRETO VELHO

PRETO VELHO

Por Mãe Josefa Oliveira Cruz (dona Zizi) e Mãe Maria Cristina Tedesco Ruiz
A Umbanda sem Preto Velho, não é Umbanda!
Eles são um dos pilares da tríade sagrada da Umbanda – Preto Velho, Caboclo e Erê, simples resumo do ciclo da vida; a criança, o adulto e o ancião.
A linha de pretos velhos trabalha para Yorimá, Orixá que atua nessa falange e que carrega várias qualidades de pretos velhos, por isso os nomes Pai Joaquim do Congo, Pai João da Calunga, entre outros, cada um deles vibrando numa energia diferente, numa das 7 escadas que Yorimá governa.
Os pretos velhos tem muita força, dão equilíbrio, discernimento, tem um carinho muito grande pelas pessoas, uma paciência e amor enormes. São grandes mestres e trabalham desmanchando magia negra, curando, receitando, benzendo, aconselhando. Tudo que vc imaginar o preto velho pode e faz. Eles são muito sábios, tem muito axé! É muito importante os filhos no santo da Casa terem contato com os pretos velhos, seus ensinamentos e principalmente o respeito e a compreensão que eles tem por nossos sofrimentos, nossas ansiedades, tendo um grande dom para nos acalmar, nos fazer compreender o poder da paciência, da humildade, do respeito, da compaixão, do amor, do perdão. Apenas com suas palavras doces, seu tom de voz tranquilo, sua bondade e sabedoria simples nos limpam, nos reequilibram e nos dão força para seguir em frente.
“As entidades que trabalham comigo são a Vó Miquelina e o Pai Joaquim. Vó Miquelina é uma senhora muito sábia, tem um conhecimento profundo de ervas, por isso acredito que ela deva estar sob a égide de Ossaim, tanto para a magia umbandista quanto para os trabalhos de cura. Ela tem um poder de manipulação energética muito grande, buscando, misturando, transformando e criando energias, realizando verdadeiros milagres. Ela é uma grande alquimista.
Pai Joaquim é um grande mestre e mostra para as pessoas o que a perseverança pode trazer na vida de cada um. Se não houver perseverança não existe magia, não existe trabalho, não existe nada que resolva.” Mãe Cristina
Os erês respeitam muito os pretos velhos. Mais uma vez a espiritualidade nos mostra o ciclo da vida: a criança aprende com o mais velho, se torna adulta agindo com este conhecimento e mais velha ensinará às novas crianças. As crianças mostram para todos nós o respeito que temos de ter com a sabedoria dos mais velhos. Percebemos muito isso quando a criança fala – “ a minha vó mandou eu ter respeito…”, – “a minha vó mandou eu ter cuidado…” – “o meu avô mandou eu prestar atenção…” Na verdade, a informação é preste mais atenção àquele que é mais antigo que vc, mais sábio, mais vivido.
Nesta Casa já aconteceram vários milagres com essa linha. Eles trabalham muito com ervas como arruda, manjericão, guiné, boldo, alecrim, folha de fumo, louro, manjerona, sálvia … São fáceis de encontrar e algumas são muito usadas na culinária. Elas são boas para tirar inflamações, dores… vc coloca a erva no álcool e um pouco de alfazema, deixa curtir, pede para o preto velho benzer e usa externamente sobre o local inflamado e vc sente melhorar, a dor passa. Eles tem o poder da cura e nós temos o poder da Fé.
A lágrima- de- Nossa- Senhora é conta de preto velho, por que no começo da historia, não existiam contas, não existiam árvores que tivessem sementes tão fáceis de serem achadas, manipuladas e duráveis, e a lágrima- de- Nossa- Senhora está praticamente pronta na natureza. Então os negros se apropriaram dessas sementes para fazerem os seus rosários, muito utilizados pelos pretos velhos em rezas e benzimentos.
Hoje, no Vaticano, você encontra muitos rosários de semente de azeitona, porque na Itália tem um clima propício e a cultura da plantação de oliva.
Se você estiver com uma inflamação na boca ou dor de garganta e colocar uma semente de lágrima- de- Nossa- Senhora na boca e ficar rolando-a (sem engolir), ameniza a inflamação. Você pode fazer chá, gargarejo…
Os pretos velhos, sentadinhos ali, curvados, fazem suas orações, suas mandingas e trabalham com toda a força. Se tivéssemos a paciência deles os problemas ficariam mais claros, mais fáceis de resolver… se a humanidade hoje andasse mais devagar, menos ansiosa, iriamos mais longe.
É muito bom incorporar um preto velho e quando chega uma pessoa na frente dele, passando mal, com suas aflições, perdido, ele conversa, abraça, transmite palavras de amor, coloca a pessoa para cima… a pessoa sai bem dali, curada. Preto velho trabalha com toda a calma do mundo, atende a todos, mesmo se tiver de passar a noite toda ali ajudando as pessoas. Eles tem muito amor, é maravilhoso.
“No período que estive na praia, era apenas eu e o Pai Adriano, apenas os dois. Um dia tinhamos 25 pessoas para serem atendidas em 2 horas. Então fui bater cabeça no Congá e com fé na egrégora da casa e nos guias abrimos a gira. Aquele monte de gente em pé, sentada… e quem vem para trabalhar? Vó Miquelina, em exatos 45 minutos ela atendeu as 25 pessoas… eu sei que foi nessa velocidade por que me contaram . Ela sentou, atendeu todo mundo… na gira seguinte, voltaram e disseram que nunca foram tão bem atendidos. Como ela fez isso? Milagre de Preto Velho!” Mãe Cristina
“Já tive a oportunidade de ouvir Pai Valente, preto velho que assiste o Sr Barone, contando sua história quando vivo, de sofrimento, tortura, escravidão, humilhação e com sua fé conseguiu se desprender do ódio, da vingança, das dores do cativeiro. Eles são iluminados por Deus e Maria Santíssima… Muito obrigado aos pretos velhos por tudo e por nos acompanharem nesta jornada.” Mãe Zizi
“Agradeço a Casa de São Lázaro a oportunidade de realizar essa Gira, retomando um trabalho já existente e fortalecendo cada vez mais essa corrente, vontade semeada pelo Pai Alexandre, por que para mim é uma benção e se fui merecedora agradeço muito a Oxalá e a essa corrente iluminada que são os pretos velhos.” Mãe Cristina
Porque vocês decidiram se juntar e recomeçar na Casa a Gira de Preto Velho?
O Pai Alexandre pedia há anos que alguém assumisse a Gira de Preto Velho na Casa, no período da tarde. Numa reunião da hierarquia, eu propus à Mãe Zizi tocarmos essa Gira e disse que era uma oportunidade para estarmos juntas e compartilharmos nossos conhecimentos. Assumimos juntas e na abertura o César e o Thiago (Filhos no Santo) juntaram-se a nós. E está crescendo, hoje temos 12 pessoas na corrente e a assistência cada vez maior. Atendemos 5, 7, 9, 20 e hj atendemos 28 pessoas (08 de maio). A cada gira o crescimento é muito grande e nós duas cada vez mais companheiras.
Pensávamos que viriam pessoas com mais idade por causa do horário, mas muita gente nova, muitas crianças, inclusive de colo e trabalhamos de todas as formas (cura, desobsessão, quebra de demanda…). Hoje, por exemplo, quem veio trabalhar foi um erê, outro dia um caboclo, mas independentemente da entidade que está em terra, é muito claro a quem pertence o comando, é uma gira da sabedoria dos pretos velhos administrando o caos.
O mais importante hoje é que eu e a Mãe Zizi, duas mulheres fortes de personalidade e tudo o mais, nos tornamos comparsas. O tempo todo estamos discutindo qual a melhor maneira de fazer o trabalho juntando nossos conhecimentos. Não tem competitividade, estamos o tempo todo trocando e aprendendo uma com a outra. Não existe a que fala mais ou a que sabe mais. Trazemos para os que estão à nossa volta a possibilidade de aprenderem, como os pretos velhos fazem conosco. As pessoas são diferentes e cada um está no seu momento, tem o seu jeito, sua maneira de agir e pensar, e também precisam aprender. Quando erramos precisamos reconhecer nosso erro, não podemos pisar no outro em lugar algum que estivermos. Se a humanidade enxergasse isso o mundo estaria mais feliz, mais iluminado… Receberíamos por mérito mais um poder de Deus em nossas mãos, mais um presente do Pai.
Se nós estamos na Umbanda é porque precisamos de um polimento maior e se conseguirmos perceber que podemos ser diamantes um dia, mas por enquanto ainda somos carvões, chegaremos lá! Mas este é um esforço muito grande e tem de partir da nossa vontade de nos transformarmos.
Estamos trabalhando para a Umbanda e com este foco nossas vaidades, nossas diferenças (que são muitas) desaparecem, porque nos demos a oportunidade de fazer diferente, vivenciar e transmitir que dessa forma a vida é mais fácil, mais leve, mais feliz, mais próspera e, sem dúvida, forças unida para um bem maior tem um poder de transformar o mundo, começando pelo nosso pequeno mundo. Acreditamos que essa vontade chegou a nós pela sabedoria dos pretos velhos.
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
Salve os pretos velhos!
Adorei as almas.

CABOCLOS

CABOCLOS

Por Carlos Eduardo Thomáz (Cadu) – Primeiro Cambono
Senhores dos caminhos, onde um caboclo pisa um caminho é aberto.
Quando um caboclo chamado Sete Encruzilhadas “pisou” num centro de mesa branca ele abriu o caminho para Umbanda.
A linha de Caboclos , composta por caboclos e caboclas, faz parte, junto com a Linha de Pretos Velhos e Erês, do tripé da Umbanda; a criança, o guerreiro e o ancião, presente em tantas culturas.
São comumente identificados com Oxóssi por ser um Orixá das matas, mas existem caboclos das diversas linhas de orixás. Seu Pena Branca, mentor espiritual da Casa de São Lázaro é um caboclo de Oxalá.
Há também caboclos e caboclas d’água que trazem muito da energia de Iemanjá e Oxum. Na casa de São Lázaro a Cabocla Jacira comanda este grupo.
Identificados com os índios e índias, são os guerreiros que quando chegam no terreiro com seus gritos, trazem sua força que impulsiona e contagia a todos. Possuem a sabedoria do convívio com a natureza, do trato com as ervas e de formas xamanicas de cura, além de serem disciplinadores. Muitas vezes se utilizam de charutos para limpeza, mas estes são usados mais por conta da erva de que é feito o charuto, do que para fumar propriamente.
Os caboclos fazem curas, abertura de caminhos, quebra de demandas e desobsessões. Utilizam como instrumentos de trabalho, elementos da natureza, charutos, cachimbos, pinga, cuias feitas de cabaça, ervas, flores, frutas, sementes, pemba, velas verdes e brancas, maracas e tambores.
  • Caboclos – Pena Branca, Pena Azul, Pena Dourada, Pena Roxa, Sete Flechas, Tupinambá, Urubatão só para citar alguns.
  • Caboclas – Jacira, Janaína, Jupira, Jurema, Lua Branca só para citar algumas.
  • Oferendas de Caboclo: Espigas de milho, frutas e flores.
  • Ponto de força: Florestas e Matas
  • Salve Caboclo, Okê Caboclo.
Relato sobre o Caboclo Pena Branca
Em 1929, o poderoso cacique Pena Branca, líder dos índios Yaki, do México, liderou uma revolta contra a opressão e a injustiça que vitimavam seu povo. Desde este momento, nas terras americanas, o mito dessa grande entidade nasceu.
Pena Branca é hoje símbolo de liberdade, autenticidade e fraternidade.
Certa vez perguntei ao irmão Salinas, curandeiro e médium de uma tradição espiritualista mexicana, quais as principais entidades que incorporavam em seu templo. O primeiro nome que ouvi foi: Pena Branca.
Em seguida, comentei que no Brasil, também incorporava um índio do mesmo nome. Ele não se surpreendeu e disse que outros “Penas” também frequentavam sua sessão de cura, nada impedindo que fossem as mesmas entidades.
Longe dali, no Caribe, existe uma religião chamada de Vinte e Uma Divisões ou Vinte e Uma Linhas, que é parecida com a nossa amada Umbanda. Nos terreiros desse culto, trabalham destemidos espíritos de Índios, Pretos Velhos, Exús (ali chamados de Candelos) e outros espíritos familiares. Na linha de índio bravo, uma das Vinte e Uma Linhas, encontramos também o nosso velho amigo Pena Branca!
Aí ele baixa, firme e elegante, dando brados e vivas imponentes. Com ele, também incorporam Águia Branca, Índio da Paz e outros “Penas”: Pena Azul, Pena Negra, Pena Dourada, etc. Nos Estados sulistas dos Estados Unidos. existem algumas igrejas espíritas… Coisa bem diferente, pois por fora parece um templo evangélico e por dentro um terreiro. Os pastores são médiuns e bem íntimos com as manifestações do mundo invisível.
O espírito principal que chefia essas igrejas, as vezes chamadas de: “Igrejas Espiritualistas Africanas”, é o Chefe Índio Falcão Negro.
Quando o Chefe Falcão se manifesta, ele puxa outros companheiros das aldeias do astral, como Nuvem Vermelha, Àguia Negra (nomes de chefes indígenas que existiram) e entre eles está: Pena Branca. Algumas fraternidades esotéricas americanas, que cultuam os Mestres Ascencionados, com Saint German, El Morya, e outros bem conhecidos da Nova Era, conhecem um belo Mestre Curador: Ele aparece como um índio banhado em branca e luminosa luz, dando sábios conselhos e mensagens, seu nome: Pena Branca!
Em algumas ilhas do Caribe existe um culto chamado Obeah, de origem africana. Dentro dele são celebrados os mistérios dos espíritos de origem indígena taino, etnia local. Existem muitas entidades indígenas, a maioria com comportamento muito arredio e nomes de animais, Cobra Verde, Pantera Negra, Jaguar Dourado e etc.
Quando incorpora a falange do Povo Alado, simboliza pelos pássaros e morcegos, um deles tem um destaque especial. Este espírito se apresenta sério, compenetrado, usa tabaco fortíssimo e uma pena branca na cabeça, e é chamado Índio Pena Branca.
O encontramos novamente na Venezuela, onde existe um culto belíssimo, semelhante em tudo com a Umbanda. Tem Caboclo, Preto Velho, Exú, Orixás e tudo de bom. É a tradição de Maria Lionza, a Rainha Mãe da Natureza.
Na Linha Índia, comandada pelo famoso espírito do Cacique Gaicaipuro, incorporam centenas de caboclos venezuelanos e americanos. Eles trabalham com pemba, bebidas diversas, água, cocares, maracás e todo o aparato ameríndio. Chegam bradando e saudando o povo, que procura semanalmente os irmandades embusca de alívio, socorro material e espiritual.
Certo dia em Bonaire, uma ilhazinha perto da Venezuela, eu participava de um culto Lionza. Perto do congá estava um rapaz incorporando um caboclo. Atento, o índio ouvia pacientemente uma velha senhora e a limpava com um maço de ervas perfumadas. A senhora chorava muitoe tremia. No final da sessão, o semblante dela havia mudado. Feliz, ela sentou-se no banco da assistência e orava agradecida. Curioso, eu me aproximei e perguntei o nome da entidade que a atendeu. A velha irmã respondeu com reverência: O Grande Índio Pena Branca!
O tempo passou, e a pergunta ainda batia dentro da minha cabeça:
*Será que é o mesmo Pena Branca…
*Terá esse caboclo conhecido da Umbanda viajado tanto assim…
*Afinal, ele é mexicano, americano ou brasileiro…
*Quem, afinal, nasceu primeiro, o Pena Branca daqui ou o de lá…
Inquietações de um pesquisador, pois os afilhados e médiuns de Pena Branca não ficam, creio eu, tão preocupados com a sua origem.
Uma bela noite, em um modesto e tranquilo terreiro Umbandista do interior paulista, acontecia uma gira de caboclo. A líder do terreiro abriu o trabalho e incorporou. Seu Pena Branca estava em terra, em todo o seu esplendor e força. Fiquei atento. lembrei-me do Caribe e pensava em tudo isso que agora escrevo aqui. O Caboclo Pena Branca riscou seu ponto, pediu um charuto, deu algumas ordens ao cambono e olhou para onde eu estava. Senti uma estranha energia percorrer minha espinha. Ele continuou olhando e acenou. Me levantei e acenei de volta. Foi então que ele falou:
- Filho era eu, se lembra… tem um maço de ervas bem cheiroso para mim…
Texto de: Luiza Fernanda – de Caçapava – SP

MARINHEIROS

MARINHEIROS

“Ô Marinheiro foi você quem trouxe foi você quem trouxe a minha doce amada.
Ô marinheiro das aguá tão doces leva as minha mágoas pras águas salgadas…”
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
Essa linha é composta por marinheiros, marujos, jangadeiros e jangadeiras que, por serem do mundo, são negros, loiros, ruivos, mulatos. Uns alegres, outros melancólicos, chegam alguns “embriagados”, outros não. Alguns se embriagam com copos de água, outros tomam litros de rum e vão embora sem deixar um pingo de álcool no corpo do médium. É sempre bom lembrar que os guias dos médiuns da casa apenas bebem com a autorização da hierarquia da Casa.
É comum andarem como se caminhassem em um navio e cambaleiam com ele de um lado para outro.
Fazem grandes trabalhos de limpeza utilizando a força das águas de Iemanjá. Desmancham trabalhos feitos no mar e nas praias. Movimentam grandes energias de purificação e limpeza astral.
Na casa de São Lázaro, a Linha dos Marinheiros é comandada por Seu Tumbaraí, marinheiro do Pai Alexandre que, além dele, recebe também Otávio que não fala e se comunica por gestos e desenhos.
Um outro guia querido desta linha é Marlene da Mãe Cristiane “ Marinheira, jangadeira e mulher da vida a seu dispor”.
Na gira de medicina temos o Núcleo Tumbaraí onde os marinheiros auxiliam no tratamento de dependências de álcool, drogas e jogo. Esse trabalho entra em conjunto com outras atividades a serem realizadas. O acompanhamento médico, psicológico e psiquiátrico, quando necessário, e o apoio de grupos de auto-ajuda como Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos são importantes. Na Casa, o auxílio dos médicos espirituais e dos guias da Gira de Assistência para desobsessão e encaminhamento de possíveis espíritos que possam estar acompanhando a pessoa também muitas vezes se fazem necessários.
Recebo Seu Epaminondas, que vem principalmente na linha de medicina e tem trabalhado com pessoas com dependência e seus familiares.
Seus pontos riscados costumam ter âncoras e ondas, pode-se acender velas brancas, azuis claras e azul e brancas para esta linha. Seu ajeum e oferenda costumam ser peixe assado.
Sua saudação : “É da marinha meu pai!”
por Mãe Paula de Oliveira e Sousa

OGUM

OGUM

“Patacuri Ogum, salve o grande senhor dos caminhos, que sua espada esteja sempre brilhando à minha frente e ao alto apontando a São Jorge na lua, mostrando a humanidade o crescimento e a prosperidade.”
OGUM por Agostinho Meireles da Silva (Tinho) – Primeiro Cambono
“Oi na lei de Umbanda o Orixá que comanda é Ogum,
Se ele um guerreiro, oi segura o terreiro, Ogum.”
Esta é a parte de um ponto e mostra quem é Ogum.
Orixá da ferramentaria, da agricultura, da caça e das guerras.
Orixá da evolução, da verdade e da justiça de Olorum.
Ogum, Orixá da Lei Maior e da compreensão, atuando na linha divisória entre a razão e a emoção.
Guardião dos procedimentos. Ogum é força, misericórdia, lei, ordem e razão.
Ordenador do caos, general da Umbanda, das lutas impossíveis, guerreiro de todas as demandas.
Mesmo com nossos erros, desequilíbrios, falhas e pecados ele está sempre com sua lança, espada e escudo ao nosso lado.
Basta sairmos do caminho certo que sua lança nos alcança. A sua lei é reta, pura, sagrada e doce como uma criança.
Orixá de todos os irmãos que andam em terreiros.
Orixá do amor, da proteção, da luta de todos os guerreiros
Orixá que nos abre os caminhos, nos ensina a lutar e a tirar os espinhos
Meu pai eu quero a sua benção, ter sua coragem e sua fé.
Meu pai eu quero ser eu, espelhando-me em ti e ter o seu Axé!
Patacuri Ogum!
Amém, Axé e que assim seja!
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
ALAFIA, do Yoruba: Paz, Saúde, Alegria, Prosperidade, Felicidade.
A mandala funciona como representação do invisível, chama as forças imateriais. Os Orixás são forças vivas da natureza.
Nesta mandala de abre-caminho estão representados por suas ferramentas ou símbolos:
Ogum (espada) , é o Orixá do progresso. Ele insiste onde todos desistem.
Oxossi (arco e flecha), é o Orixá da fartura. Facilidade para se mover mesmo entre obstáculos.
Oxum (coração), é o Orixá da riqueza, do amor , da fertilidade, da maternidade. Oxum é a renovação a cada instante. Seu poder é tão grande que pode engolir o mal.
Xangô (balança), é o Orixá da justiça, inimigo da mentira. O maior domínio de Xangô é o poder. Xangô pega algo que poderia destruir qualquer ser humano e o converte em seu benefício.

OXÓSSI

OXÓSSI

Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
“VIBRAÇÃO ORIGINAL OU LINHA DE OXOSI
Vibração de Oxósi significa: AÇÃO ENVOLVENTE OU CIRCULAR DOS VIVENTES DA TERRA, ou seja, o Caçador de Almas, que atende na doutrina e na Catequese.
Por sílabas, temos:
OX – Ação ou movimento / O – Círculo ou circular / SI – Viventes da Terra
E ainda, na concepção, OXOSI é a vibração que influencia no misticismo das almas, que doutrina e interfere nos males físicos e psíquicos.
O mediador ISMAEL ou ISHMA-EL, o PRINCÍPIO FLUÍDICO DE DEUS.
IS – Princípio / MA – Fluídico / EL – Deus”
W.W. da Matta e Silva, em seu livro Umbanda de todos nós – 3ª. edição de novembro de 1968 (relíquias do meu pai), págs. 78 e79.
OXÓSSI
“Oxóssi” veio do iorubá Òşóòsì.
Rei de Ketu, região da África onde seu culto foi praticamente extinto, pois a maioria de seus sacerdotes foram escravizados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos; e aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.
Muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, seu culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos Orixás mais populares, tanto no Candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na Umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, onde atua para o bem-estar físico e espiritual dos seres humanos.
Em nossa religião, Oxóssi é figura representativa de uma das sete forças principais de Deus: a força da luta, do trabalho, da providência e da afirmação positiva. Assim, para a Umbanda, Oxóssi representa uma das sete forças primordias de Deus, pertencendo ao pólo positivo das energias espirituais, expandindo, irradiando e impelindo os seres para a construção vigorosa de seus destinos, bem como garantindo que os mais fragilizados encontrem doutrinação firme e amorosa, desenvolvendo seu saber religioso e sua fé.
A figura de Oxóssi tem origem na mitologia africana, para a qual seria um antepassado africano divinizado, filho de Yemanjá, irmão de Omulu-Obaluayê e rei de Ketu, onde detém o título de Alaketu, localizada na África sudanesa – de onde provêm os povos Nagô (Ketu, Ijexá e Oyó) e Mina-jeje. Também é considerado o caçador por excelência; o arqueiro de uma flecha só – sempre certeira.
Ketu foi destruída e sua terra salgada para que nada mais nascesse na cidade, e todos escravizados. Cumpria-se assim uma antiga profecia que o povo de Oxossi atravessaria o oceano e que seu reino seria o maior de todos e uniria todos os orixás.
Seu dia da semana pode ser quarta-feira ou quinta-feira, o CIESL adota a quarta, apesar de as duas estarem certas. Sua cor é o verde misturado ao branco. Oxóssi é o Orixá da caça, do verde, das matas, é o Orixá da fartura, o grande caçador é ele quem traz para o homem as plantas curativas. De natureza telúrica vibra sobre tudo que nasce sobre a terra, exceto as plantas tóxicas e venenosas.
É um vencedor, traz para o povo a sobrevivência, a fartura, a cura das doenças pela natureza, a saúde plena. O povo da Bahia ligou Oxóssi a São Jorge, festejado em 23 de abril.
Podemos estabelecer uma aproximação com seu correspondente grego Artemis. Todos eles representam mudanças, o movimento, tudo o que é novo e vibrante. Ligado as alterações mentais e físicas, Oxóssi é o constante movimento da natureza, que está sempre em evolução.
A liberdade e a independência são importantes para seus filhos que prezam muito sua autonomia e são infelizes quando tolhidos. Um aspecto negativo de sua personalidade é a sua indiscrição em relação as outros e a vida alheia.
Seus filhos envolvem-se com suas emoções e transformam-se através delas. Tem o dom da comunicação, suas mudanças são discutidas, analisadas a nível consciente e realizam a cura de seu ego ambíguo.
Seus filhos são alegres e joviais, muito falantes, nervosos e inseguros, embora não transmitam essas emoções, pelo contrário sua companhia é agradável e estimulante. A simpatia que ele irradia faz com que sempre esteja rodeado por um grupo ativo e dinâmico. Místicos e intuitivos, são dotados de notável rapidez mental, gostam de ouvir conselhos e orientações, mas esquecem tudo na hora de agir, torna-se então precipitado e sem lógica por vezes indeciso, acompanhá-lo não é fácil.
O perfeccionismo, a minuciosidade e a imaginação que põe em seu trabalho faz com que seja o melhor em sua especialidade. Responsabilidades monótonas e burocráticas deprimem o seu espírito, ele está melhor situado em um trabalho onde puder traçar planejamentos e realizar mudanças. Toma decisões rapidamente e é bom para enfrentar crises, mas distraído com pequenos detalhes. Irradia o Conhecimento e atua em nosso mental estimulando nossa busca pelo conhecimento no sentido mais amplo da palavra, de modo a expandir todos os Sentidos da nossa vida. Ele também ampara os seres que fazem bom uso dos conhecimentos adquiridos (aplicando-os para a própria evolução e no esclarecimento e auxílio ao próximo).
Por isso, Oxóssi representa o arquétipo do Grande Caçador; aquele que vai buscar e traz o conhecimento e as respostas às nossas necessidades. É o raciocínio hábil, o grande comunicador, a Divindade da Expansão.
É o senhor do Reino Vegetal da Fauna e Flora. Seus elementos de atuação são os Vegetais (que purificam, limam, nutrem e curam) e o Ar (que leva, espalha e expande).
É a divindade da caça, que vive nas florestas e seus principais símbolos são o arco e flecha (Ofá) e um rabo de boi (Eruexim).
Foi um caçador de elefantes, animal representativo da realeza e dos antepassados.
Os animais de Oxóssi são o Leopardo e o Elefante.
Sua dança tem um ritmo “corrido” e simula atirar flechas para a direita e esquerda, imitando o cavaleiro que persegue a caça.
Em algumas lendas, Oxóssi aparece como irmão de Ogum e de Exú. Isto acontece porque na cultura africana, entre outros atributos, eles são vistos como guerreiros, pois estão sempre à frente buscando e abrindo os caminhos, muito embora Oxóssi seja o caçador por excelência.
Sendo Ogum o Orixá do ferro, foi dele que Oxóssi recebeu as suas armas de caçador, tendo aqui outro ponto de ligação entre eles.
Oxóssi na Umbanda, é sincretizado como São Sebastião, mas no Candomblé baiano está sincretizado como São Jorge. Na verdade, tanto São Sebastião como São Jorge foram soldados romanos do Imperador Diocleciano e eles tinham as mesmas funções o que nos remete à sua “irmandade”.
A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou orixá.
Tal como Xangô, Oxóssi é um Orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.
Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.
Em África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião e wúsí que significa popular, ou seja Osowusí e na expressão popular acabou virando Oxóssi.
Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.
MITO SOBRE OXÓSSI
O ORIXÁ DA CAÇA E DA FARTURA
Em tempos distantes, Odùdùwa, Rei de Ifé, diante do Palácio Real, chefiava seu povo na festa da colheita dos inhames. A colheita do ano havia sido farta e, em homenagem, todos deram uma grande festa, comendo inhame e bebendo vinho de palma. De repente, um grande pássaro pousou sobre o Palácio, lançando seus gritos malignos e farpas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia, pois não havia sido oferecida parte da colheita às feiticeiras Ìyamì Òsóróngà. Todos se encheram de pavor, prevendo desgraças e catástrofes.
O Rei mandou buscar Osotadotá, o caçador das 50 flechas que, arrogante e cheio de si, errou todas as suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas. O rei então chamou Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, este guerreiro também desperdiçou todas as suas investidas contra o grande pássaro. Ainda foi convidado para matar o pássaro, das distantes terras de Idô, Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarrão, ele atirou em vão suas 20 flechas contra o pássaro encantado.
Por fim, o rei convocou, da cidade de Ireman, Òsotokànsosó, o caçador de apenas uma flecha. A mãe do caçador sabia que as feiticeiras viviam em cólera e que nada poderia ser feito antes de uma oferenda para apaziguá-las. Ela foi consultar Ifá. Os Babalaôs disseram-lhe para preparar oferenda com ekùjébú (grão muito duro), também um frango òpìpì (frango com as plumas crespas), èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira) e seis kauris (búzios). Pediram ainda que colocasse a oferenda numa estrada, sobre o peito de um pássaro sacrificado em intenção, e que durante a oferenda recitasse o seguinte: “Que o peito da ave receba esta oferenda”. Ela obedeceu.
Neste exato momento, seu filho Òsotokànsosó disparava sua única flecha em direção ao pássaro, que abriu sua guarda para receber a oferenda da mãe do caçador, recebendo também a flecha certeira e mortal de Òsotokànsosó. Então, todos começaram a dançar e a gritar de alegria: “Oxossi! Oxossi!” (=caçador do povo). A partir desse dia, todos conheceram o maior guerreiro de todas as terras, que foi reverenciado com honras e carrega seu título até hoje: Oxossi.
Essa lenda nos fala de Oxóssi como o Grande Caçador, o Senhor da caça, que traz a fartura e a abundância para todos. E também fala da precisão, “da flecha certeira”, da determinação e objetividade firmes de Oxóssi: “o caçador” que estabelece o alvo e se prepara para atingi-lo, conhecendo e respeitando as forças da natureza, e que age sem arrogância, sem vaidade, mas de forma racional, lúcida.
ALGUNS CABOCLOS DE OXÓSSI:
Arranca Toco (Ogum/Oxóssi), Araribóia (Ogum/Oxóssi), Cobra Coral (Xangô/Oxóssi), Caboclo Guiné, Caboclo Arruda, Pena Branca (Oxalá/Oxóssi), Pena Verde, Pena Azul (Oxóssi/Iemanjá), Cabocla Jurema, Pena Dourada (Oxóssi/Oxum), Tupinambá (Oxalá/Oxóssi), Tabajara, 7 Flechas (Oxalá/Oxóssi), Tupiára, Tupiaçu, Caboclo da Mata Virgem (Oxóssi/Oxum), Caboclo Rei da Mata (Oxalá/Oxóssi), Caboclo Pery, Caboclo Rompe Folha (Ogum/Oxóssi), Caboclo Coqueiro, Caboclo 7 Palmeiras (Oxalá/Oxóssi), Caboclo Folha Verde, Caboclo Rompe Mato (Ogum/Oxóssi), Caboclo Guarani (Oxalá/Oxóssi), Caboclo Jupissiara, Caboclo Tupã, Caboclo Ibiratam, Caboclo 7 Penas das Matas (Oxalá/Oxóssi).
Observação: Em geral, os nomes em tupi-guarani são de Caboclos de Oxóssi.
ALGUNS EXUS DE OXÓSSI:
Tronqueira (Ogum/Oxóssi/Obaluayê), Exu Mangueira, Exu 7 Folhas Verdes (Oxalá/Oxóssi), Exu Folha Verde, Exu das Matas, Exu Cipó, Exu Samambaia, Exu Pantera Negra (Oxóssi/Omolu), Exu 7 Garras (Oxalá/Oxóssi), Exu Pimenta (Oxóssi/Xangô), Exu Arranca Toco (Obaluayê/Ogum/Oxóssi), Exu Quebra Galho (Oxóssi/Ogum) , Exu Abre Mata (Oxóssi/Ogum), Exu Rompe Mato (Ogum/Oxóssi), Exu da Moita, Exu das Campinas (Oxóssi/Oxalá), Exu do Pantanal (Oxóssi/Nanã), Exu 2 Tocos (Oxóssi/Omolu) , Exu Folha Seca (Oxóssi/Omolu), Exu Gato, Exu Gato Preto (Oxóssi/Omolu), Exu Pantera, Exu Pena de Coruja, Exu Pena de Urubu (Oxóssi/Omolu), Exu Pena Preta (Oxóssi/Omolu), Exu Selvagem, Exu 7 Folhas (Oxalá/Oxóssi), Exu 7 Folhas Secas (Oxalá/Oxóssi/Omolu), Exu 7 Tronqueiras (Oxalá/Oxóssi/Obaluayê), Exu Tranca Matas (Ogum/Oxóssi), Exu Coquinho, Exu Coqueiro, Exu Coquinho dos Infernos, Exu da Campina (Oxalá/Oxóssi).
Observação: Em geral, os nomes de felinos e outros animais são de Exus de Oxóssi.
ALGUMAS POMBAGIRAS DE OXÓSSI:
Esmeralda, Maria Padilha das Matas, Pombagira das Matas, Pombagira Rainha das Matas.

Trono: Trono Masculino do Conhecimento
Linha: Conhecimento
Fator: Direcionador (fator puro) e Expansor (fator misto)
Essência: Conhecimento/raciocínio
Elemento: Vegetal e Ar
Cor: Verde, azul celeste
Fio de Contas: de cristal ou de pedras verdes, ou então de sementes
Ferramentas: Arco e Flecha, Penas
Ervas: acácia-jurema, abre-caminho, alecrim (alecrim de caboclo, alecrim do campo etc.), alfavaca do campo, alfazema de caboclo, amoreira (folhas), araçá de coroa, araçá da praia, araçá do campo, arruda miúda (ou arruda fêmea), aperta-ruão, bredo de Santo Antonio, cabelo de milho, caiçara, capim limão, capim cidrão, casca de laranja, chapéu de couro, cipó caboclo, cipó camarão, cipó cravo, coco de iri, erva curraleira, erva-doce, espinho cheiroso, desata-nó, espinheira santa, eucalipto, folhas de pitanga, folhas de manga, guiné, goiabeira, gengibre, guaco cheiroso, guaxima cor-de-rosa, guiné de caboclo, guiné pipi, hissopo, hortelã, incenso de caboclo, ingá, jaborandi, jurema branca, jureminha, jurema preta, levante, língua de vaca, malva do campo, malva rosa, maminha de vaca, manjericão, pacatirão, pariparoba, peregum verde, peregum verde e amarelo, pau d’água, pitanga, pitangatuba, patchuli (folhas), quebra demanda, rabo de tatu, romã, sabugueiro, saião, São Gonçalo, taioba.
Símbolos: arco e flecha (Ofá) e um rabo de boi (Eruexim)
Ponto na Natureza: As matas
Flores: plantas, ervas e flores nativas (do campo)
Pedras: quartzo verde, esmeralda, jade, amazonita, turquesa, calcita verde. Dia indicado para a consagração: 3ª-feira. Hora indicada para a consagração: 09 horas
Metais e Minérios: Bronze (latão), Manganês-
Saúde: pulmões, nariz e sistema nervoso.
Planeta: Mercúrio
Dia da Semana: Quarta Feira
Chacra: Frontal plexo solar
Saudação: “Salve nosso Pai Oxóssi!”- Resposta: “OKÊ ARÔ!”, ou então: “OKÊ, OXÓSSI!”- Do Yorubá: Okê= monte; Arô = título honroso dado aos caçadores. O significado da saudação seria: “Salve o maior dos caçadores!”; ou “Salve o grande caçador!”
Bebida: aluá, mate (chá) com mel, cerveja branca, vinho tinto doce, vinho tinto rascante, batida de mel, vinho branco, licor de caju, garapas, vinhos doces, genebra, bebidas fermentadas e licores de frutas em geral
Animais: Leopardo e elefante
Comidas: abacate, abacaxi, abio, abóbora, amendoim, bacaba, bacuri, banana, butiá, cacau, caju, camboatá, cana-de-açúcar, carambola, cenoura, coco verde, coco seco, fruta do conde, goiaba, guabiroba, laranja, maçã, mandioca, mamão, manga, mangaba, melão, milho verde, moranga, morango, murici, nêspera (ameixa branca), pepino, pequi, sapucaia, siriguela.
Números: 04
Data Comemorativa: 20 de janeiro
Sincretismo: São Sebastião
Incompatibilidades: Mel
QUE OXALÁ OS ABENÇOE E QUE OXÓSSI ABRA SEMPRE OS SEUS CAMINHOS!
Pai JURANDYR MARCONDES (aos 9 anos de coroação em 10dez2012)
SP. 15 jan 2013

IEMANJÁ

IEMANJÁ

Iemanjá, Senhora Soberana e Princípio Gerador
(e um pouco da sua presença em minha vida e seus significados) por Cristiane Gonçalves da Silva – 2013
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
Ilustração Cecília Panipucci (artenaquitanda.blogspot.com.br)
Acho que foi em meados dos anos 80 que a figura de Iemanjá entrou na minha vida. Entre medo e curiosidade, eu costumava cercar as festas de Iemanjá que aconteciam ao longo da praia de Solemar, limite entre Praia Grande e Mongaguá.
Uma figura linda, vestida de azul, dona do mar. Imagem que me sugeria ares de poderosa princesa e que ficava na minha mente quando eu voltava para a casa de veraneio onde ficava com minha família durante as férias de verão na infância e adolescência.
Algumas vezes, ao parar para observar estas festas na areia, acabava recebendo “recados” acerca de uma tal mediunidade que eu ignorava. Nesta época também, criei uma barreira forte para a religião que cultuava Iemanjá, Pombo-giras, Baianos e outros seres que eu pouco conhecia.
O mar, entretanto, sempre esteve em mim. Mesmo quando fiz esforço de não encarar os sinais que mostravam meu futuro no Axé. Prometi, sem entender porque, que até completar 36 anos, deveria passar as viradas de ano, perto do mar para poder revigorar, agradecer e pedir, sentindo-me como que protegida e afagada por uma imensidão de beleza e mistério. Estar na água e, especialmente nas águas salgadas, sempre foi para mim um carinho, um refresco, um desejo, uma delícia . Sentir o corpo ser lambido pelas águas verde-azuladas ou azul-esverdeadas sempre trouxe-me uma vontade de vida e renovou a vontade de ser.
E os anos foram sendo vividos. Na formação profissional durante a vida universitária, acabei por revisitar minha ligação com a religião e, particularmente, com as religiões afro. Neste processo de compreender, eu lançava minha curiosidade com outros olhos: do interesse científico.
Entretanto, não tardou para que o encantamento com mitos, histórias, terreiros, atabaques, pontos, danças e tudo mais tomassem uma proporção imensa. Não tardou a enfronhar-me na construção da Casa de São Lázaro, mesmo resistindo em assumir “ser médium” ou ter uma religião. A vida trouxe desafios para que eu enfrentasse e foi Iemanjá, na força de Pretos, Pretas, Caboclos e Erês que me ampararam na passagem de um dos amores da minha vida, meu irmão de sangue, Eduardo.
Também nesta época de conversão religiosa apareceram as dúvidas: seria eu filha de Iemanjá ou de Iansã? Meu coração nunca teve dúvidas acerca da Dona de minha cabeça. A ligação com a Moça bonita de azul aumentou a cada nova apreensão que eu pude ter, seja como estudante, curiosa, aspirante a macumbeira ou acompanhante de Pai de Santo em formação. E a Senhora grande, negra e soberana que via representada nos terreiros de Candomblé tornou-se uma presença forte nas minhas intenções de fé. Iansã guerreira, poderosa, determinada e resolutiva estava (e está). Mas é Iemanjá que me permite ser.
Senhora das cabeças, Mãe dos Orixás, Senhora das profundezas da alma. Dona absoluta dos mares e oceanos, onde vivem milhares de espécies animais, algumas até hoje desconhecidas da ciência. Dona do princípio natural que permite a vida na terra: a água. Dona das marés. Marés mansas ou marés de tormentas e maremotos que violentamente roubam vidas.
Maternidade e autonomia. Essa Mulher mítica traz para mim o poder de emanar esses dois atributos preciosos em minha vida. Senhora dos mistérios, permite-me fazer viagens em mim mesma, em busca daquilo que me fortalece e em busca de ser alguém melhor. Uma pessoa melhor para minha filha, que representa minha descendência no mundo e me faz reviver o princípio mítico próprio de Iemanjá e ser também melhor para as pessoas que amo e respeito. É quem me dá força para a luta cotidiana por uma vida melhor e por um mundo mais justo.
Assim é Iemanjá em mim. Assim é minha devoção. Deixo aqui, mais abaixo, trechos sobre Iemanjá. Foram retirados de trabalhos que tratam dos Orixás e que marcaram minha vida de distintas formas. Foram escolhidos por que parecem traduzir estas conexões filha-Mãe e os princípios vitais que significam para mim ser filha de Iemanjá.
E que 02 de fevereiro de 2013 traga vida. Vida em plenitude, que pela consciência de homens e mulheres, possa renovar-se e continuar, em ciclos. Que se respeite o mar, as relações entre as pessoas, a diversidade cultural. E que a busca pela igualdade, na Terra, seja um princípio gerador que nos une.
“A água pode percorrer qualquer caminho, seu destino é sempre algo improvável. Mesmo que a represem, sua imensidão cobrirá qualquer obstáculo, dando-nos a ideia do seu real poder. A água existe, e esse existir aparece triunfante no nome de Omínwá . O fenômeno do existir é acompanhado da certeza de que o ser humano ocupa imaginariamente o espaço das águas e pode ser tão imenso quanto elas, que o compõe. Portanto, chamar-se Omítaye ( a água é louvada na Terra) também significa aprofundar-se num espaço infinito e fazer emergir a natureza íntima de Iemanjá, qual seja, percorrer o universo com suas águas num eterno ciclo, manifestando sua força infinita posto que a água não se esgota. (…) (Vallado, A. Iemanjá: a grande Mãe Africana do Brasil, São Paulo: Pallas, 2001, pág. 147)
Olodumare-Olofim vivia só no infinito,
cercado apenas de fogo, chamas e vapores,
onde nem quase podia caminhar.
Cansado desse seu universo tenebroso,
cansado de não ter com quem falar,
cansado de não ter com quem brigar,
decidiu por fim àquela situação.
Libertou as suas forças e a violência
dela fez jorrar uma tormenta de águas.
As águas debateram-se com rochas que nasciam
e abriram no chão profundas e grandes cavidades
a água encheu as fendas ocas,
fazendo-se os mares e os oceanos,
em cujas profundezas Olocum foi habitar.
Do que sobrou da inundação se fez a terra.
Na superfície do mar, junto à terra,
ali tomou seu reino Iemanjá,
com suas algas e estrelas-do-mar,
peixes, corais, conchas, madrepérolas.
Ali nasceu Iemanjá em prata e azul,
coroada pelo arco-íris Oxumarê.
Olodumare e Iemanjá, a mãe dos orixás,
dominaram o fogo do fundo da Terra
e o entregaram ao poder de Aganju, o mestre dos vulcões,
por onde respira o fogo aprisionado.
O fogo que se consumia na superfície do mundo eles apagaram
e com suas cinzas Orixá Ocô fertilizou os campos,
propiciando o nascimento das ervas, frutos,
árvores, bosques e florestas,
que foram dados aos cuidados de Ossaim.
Nos lugares onde as cinzas foram escassas,
nasceram os pântanos e nos pântanos, a peste,
que foi doada pela mãe dos orixás ao filho Omolu.
Iemanjá encantou-se com a Terra
e a enfeitou com rios, cascatas e lagoas.
Assim surgiu Oxum, dona das águas doces.
Quando tudo estava feito
e cada natureza se encontrava na posse de um dos filhos de Iemanjá,
Obatalá, respondendo diretamente às ordens de Olorum,
criou o ser humano.
E o ser humano povoou a Terra.
E os orixás pelos humanos foram celebrados.
(Prandi, R. Mitologia dos Orixás, São Paulo: Cia das Letras, 2005, pág. 380 e 381)
Iemanjá é dona de rara beleza
e, como tal, mulher caprichosa e de apetites extravagantes.
Certa vez saiu de sua morada nas profundezas do mar
e veio à terra em busca de prazer da carne.
Encontrou um pescador jovem e bonito
e o levou para seu líquido leito de amor.
Seus corpos conheceram todas as delícias do encontro,
mas o pescador era apenas um humano
e morreu afogado nos braços da amante.
Quando amanheceu, Iemanjá devolveu o corpo à praia.
E assim acontece sempre, toda noite,
quando Iemanjá Conlá se encanta com os pescadores
que saem em seus barcos e jangadas para trabalhar.
Ela leva o escolhido para o fundo do mar e se deixa possuir
e depois o traz de novo, sem vida, para a areia.
As noivas e as esposas correm cedo para a praia
implorando a Iemanjá que os deixe voltar vivos.
Elas levam para o mar muitos presente,
flores, espelhos e perfumes,
para que Iemanjá mande sempre muitos peixes
e deixe viver os pescadores.
(Prandi, R. Mitologia dos Orixás, São Paulo: Cia das Letras, 2005, pág. 390 e 391)

“(…) Reina sobre “todas águas do mundo”, doces e salgadas. É, portanto, uma divindade antiga. Deusa das águas primevas que são, conforme Mircea Eliade (1970:165), “fons et origo, matrizes de todas as possibilidades de existência.”
Essa definição parece adequar-se exatamente à figura de Iemanjá. Seu nome significa “mãe dos filhos peixes” (Yéyé Omo ejá). Inúmeros são os descendentes da Rainha do Mar. (…) os peixes de Iemanjá parecem relacionados mais especificamente com o embrião, o germe, as potencialidades infinitas de água geratriz. Ela usa o abebé (…) que representa a fecundidade, e a espada, que, recortando na matéria das origens, separa e multiplica os seres; permitindo o nascimento de indivíduos únicos.
Propiciar a passagem entre potencialidades e realização, e vice-versa, parece constituir uma das funções essenciais de Iemanjá. Sua dança imitando o movimento das ondas, fala de fluidez, de distribuição, de germinação constantemente renovada.”
(Augras, M. O duplo e a metamorfose – a identidade mítica em comunidades nagô, Rio de Janeiro: Vozes, 1983, pág. 157 e 158)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Velas na umbanda

Velas

Desde os tempos mais remotos na história das religiões as velas sempre foram utilizadas.
Dentro da Umbanda, por ser uma religião de cunho magístico, onde a vela tem relação direta com a luz, seu uso é indispensável, em todos os rituais.
O ato de acender uma vela reúne em si duas ações, a demonstração da fé e o desejo de ligação mais íntima com o mundo espiritual. É o momento em que se faz uma ponte mental entre o seu consciente e o pedido ou agradecimento que está sendo feito à determinada entidade, ser de luz ou Orixá, com a qual estiver sintonizado.
Ao acendermos velas para nossos guias devemos sempre fazê-lo em total concentração, mentalizando sempre seus pontos de força na natureza, mantendo nosso pensamento firmemente direcionado para o que se deseja alcançar, lembrando que jamais devemos evocar a força de nossas entidades para fazer mal, pois, nesse momento a energia emitida pela mente do médium, irá englobar a energia do fogo e juntas viajarão pelo espaço para levar aos guias a razão pela qual está sendo feita a queima.

As entidades e as cores das velas:
1 – Falangeiros de Oxum – velas azuis claro.
2 – Falangeiros de Oxossi – velas verdes.
3 – Falangeiros de Ogum – vela vermelha ou vermelha e brancas.
4 – Falangeiros de Xangô – velas marrons.
5 – Falangeiros de Iemanjá – velas brancas e azuis
6 – Falangeiros de Iansã – velas amarelas.
7 – Falangeiros de Nana – velas lilás.
8 – Falangeiros de Ibeji – velas rosas e azuis.
9 – Falangeiros de Omulú/Obaluaê – velas preto e branco.
10 –Povo Cigano – velas de todas as cores (menos preto).

As Falanges na Umbanda

As Falanges na Umbanda




Na Umbanda temos as principais falanges que se manifestam em todos os terreiros, entre elas; pretos velhos, caboclos, boiadeiros, baianos, crianças, oriente, marinheiros, ciganos, exus e pombas giras.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            
     
Pai Joaquim de Angola    


PRETOS - VELHOS
Existe na Umbanda uma linda falange denominada de “Falange dos Pretos-Velhos” ou “Linha das Almas”. Originário dos escravos no cativeiro, os pretos-velhos tem como característica principal à prática da caridade. Como disse, os pretos-velhos viviam no cativeiro amontoados em senzalas, alimentavam-se de mingau de farinha, inhame, toucinho, banana, enfim comiam tudo que tivesse calorias baratas. Eram submetidos às condições desumanas e implacáveis de trabalho. Só os mais fortes sobreviviam. Um preto-velho quando incorpora no médium vem de forma envergada, sob o peso dos anos de existência em vida na terra, senta-se com a dificuldade das juntas enrijecidas e os músculos fatigados num pequeno banco de madeira, que lembra o antigo tosco que existia nas senzalas. São espíritos de velhos africanos que foram trazidos para o Brasil como escravos e que trabalham na Umbanda como símbolos da fé e da humildade. Seus trabalhos são de ajuda àqueles que estão em dificuldade material ou emocional, sendo que, o seu trabalho se desenvolve, mas para o lado emocional e físico, das pessoas que os procuram, sendo chamados, carinhosamente de psicólogos dos aflitos.  Sua paciência em escutar os problemas e aflições dos consulentes, faz deles as entidades mais procuradas na Umbanda, são chamados de Vovôs e Vovós da Umbanda.   Também usam ervas em seus trabalhos de magia e principalmente para rezar pessoas doentes e crianças que estão com mal olhado, suas rezas são conhecidas como poderosas, usam também de patuás, saquinhos que são depositados elementos de magia e que os consulentes usam no corpo para proteção. Da mesma forma que os Caboclos, os Pretos Velhos usam cachimbos para limpeza espiritual, jogando sua fumaça sobre a pessoa que esta recebendo o passe e limpando a aura de larvas astrais e energias negativas.
Destaco abaixo alguns nomes de pretos-velhos que baixam prestando inúmeras caridades:
Pai Joaquim da Angola
Vovó Maria Conga
Pai Joaquim do Congo
Vovó Cambinda
Pai João do Congo
Vovó Luíza
Vovô Rei do Congo
Vovó Benedita
Pai Jacó
Vovó Maria Redonda
Vovô João de Aruanda
Tia Maria
Pai Benedito
Vovó Catarina D’Angola
   Caboclo Pena Branca

CABOCLOS
A denominação "caboclo", embora comumente designe o mestiço de branco com índio, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente. Caboclos são as almas de todos os índios antes e depois do descobrimento da miscigenação. Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas sessões de desenvolvimento mediúnico, curas através de ervas e simpatias, desobsessões, solução de problemas psíquicos e materiais, demandas materiais e espirituais e uma série de outros serviços e atividades executados nas tendas. Os caboclos, espíritos de índios, tidos como o braço forte da Umbanda, não trabalham somente nos terreiros como alguns pensam. Eles prestam serviços também ao Kardecismo, nas chamadas sessões de "mesa branca". pois estes nossos irmãos depois de desencarnarem, ainda conserva um corpo espiritual bastante denso carregado de fortíssima vitalidade. São entidades, espíritos de índios brasileiros e Sul Americanos, que trabalham na caridade como verdadeiros conselheiros, nos ensinando a amar ao próximo e a natureza, são entidades que tem como missão principal o ensinamento da espiritualidade e o encorajamento da fé, pois é através da fé que tudo se consegue.  Na Umbanda, os Caboclos constituem uma falange e, como tal, penetram em todas as linhas, atuando em diversas vibrações. Entretanto, cada um deles tem uma vibração originária, que pode ser ou  não aquela em que ele atua.  Antigamente existia a concepção de que todo Caboclo seria um Oxossi, ou seja, viria sob a vibração deste Orixá. Porém em nossa percepção, compreendemos que Caboclos diferentes possuem Vibrações Originais Diferentes, podendo se apresentar sob a Vibração de Ogum, de Xangô, de Oxossi ou Omulu. Já as Caboclas, podem se apresentar sob as Vibrações de Iemanjá, de Oxum, de Iansã ou de Nanã. Não há necessidade da Vibração do Caboclo-guia, coincidir com a do Orixá dono da coroa do médium: o guia pode ser, por exemplo, de Ogum, e atuar em um sensitivo que é filho de Oxossi; apenas neste caso, a entidade, embora sendo de Ogum, assimilará a vibração de Oxossi. No panorama espiritual rente a Terra predominam espíritos ociosos, atrasados, desordeiros, semelhantes aos nossos marginais encarnados. Estes ainda respeitam a força. Os índios, que são fortíssimos, mas de almas simples, generosas e serviçais, são utilizados pelos espíritos de luz para resguardarem a sua tarefa da agressão e da bagunça. São também utilizados pelos guias, nos casos de desobsessão, pois, pegam o obsessor contumaz, impertinente e teimoso, "amarrando-o" em sua tremenda força magnética e levando-o para outra região. Os caboclos são espíritos de muita luz que assumem a forma de "índios", prestando uma homenagem a esse povo que foi massacrado pelos colonizadores. São exímios caçadores e tem profundo conhecimento das ervas e seus princípios ativos, e muitas vezes, suas receitas produzem curas inesperadas. Usam em seus trabalhos ervas que são passadas para banhos de limpeza e chás para a parte física, ajudam na vida material com trabalhos de magia positiva, que limpam a nossa aura e proporcionam uma energia de força que irá nos auxiliar para que consigamos o objetivo que desejamos, não existem trabalhos de magia que possam lhe dar empregos e favores, isso não é verdade, o trabalho que eles desenvolvem é o de encorajar o nosso espírito e prepará-lo para que nós consigamos os nossos objetivo. A magia praticada pêlos espíritos de caboclos é sempre positiva, não existe na Umbanda trabalho de magia negativa, ao contrário, a Umbanda trabalha para desfazer a magia negativa. Eu sei que infelizmente, existem vários terreiros que praticam esta magia inferior, mas estes são os magos negros, que para disfarçar o seu verdadeiro propósito, se escondem em terreiros ditos de Umbanda para que possam atrair as pessoas e desenvolver as suas práticas negativas, com promessas falsas que sabemos nunca são atendidas. Mais graças a Oxalá, esses terreiros estão acabando, pois, o povo esta tendo um maior conhecimento e buscando a verdade e é através desse caminho, de busca da verdade, que esse templo de Umbanda pretende ensinar a todos, o verdadeiro caminho da fé.  Os caboclos de Umbanda são entidades simples e através da sua simplicidade passam credibilidade e confiança a todos que os procuram. Nos seus trabalhos de magia costumam usar pembas, (giz de várias cores imantados na energia de cada Orixá ) , velas, geralmente de cera, essências, flores, ervas, frutas, charutos e incenso. Todo esse material será disposto encima de uma mandala ou ponto riscado, para que esse direcione o trabalho. Quando fazemos um trabalho para uma entidade da Umbanda e colocamos algum prato de comida, como pôr exemplo espigas de milho cozidas com mel, esta comida não é para o Caboclo comer, espíritos não precisam de comida, o alimento que esta ali depositado, serve como alimento espiritual, isto é, a energia que emana daquela comida e transmutada e utilizada para o trabalho de magia a favor do consulente, da mesma forma o charuto que a entidade esta fumando é usado para limpeza, do consulente através da fumaça e das orações que estas entidades fazem no momento da limpeza, são os chamados passes de Umbanda. Muitas vezes a Umbanda é criticada e chamada de baixo espiritismo, pois seus guias fumam e bebem, mais estas críticas se devem a uma falta de conhecimento da magia ritual que a Umbanda pratica, desde o início, com tanta maestria e poder, e sempre o fará para o bem de todos.No culto de Umbanda, Oxossi é o chefe da linha de caboclos.  O caboclo é a imagem do indígena nativo de nossa terra e quando incorporado, presta caridade, dá passes, canta, dança e anda de um lado para outro em lembranças aos tempos de aldeia . Conhecedores de muitas ervas, os caboclos têm um papel muito importante:  os remédios de ervas e amacis, em que amacis são mistura de ervas que maceradas servem para o fortalecimento do filho-de-santo.  Já os remédios de ervas são plantas ou ervas que combinadas ou sozinhas servem para aliviar ou até mesmo curar doenças.  Nisso tudo os caboclos têm participação muito especial e são encarados e interpretados pelo povo como uma entidade que veio ajudar e aliviar as pessoas dos seus problemas.
Alguns nomes de caboclos:
Caboclo Pena Branca
Caboclo 7 Estrelas
Caboclo Ubirajara
Caboclo Guará
Caboclo Tupinambá
Caboclo 7 Fechas
Caboclo Ubiratan
Cabocla Jurema
Caboclo Pena Verde
Caboclo Pena Azul
Caboclo Urubatão
Caboclo Cobra Coral


CABOCLO BOIADEIRO
Dentre muitos caboclos que baixam em vários terreiros, o Caboclo Boiadeiro tem sempre uma participação especial nas seções de caboclo. Boiadeiro é muito respeitado e aplaudido por trazer de volta ao nosso convívio toda a sua experiência adquirida em tempos de boiada, do sertão bravio, do homem responsável pela conduta da boiada do seu patrão. De um modo geral, Boiadeiro usa um chapéu de couro com abas largas (para proteger-lhe do sol forte), calças arregaçadas e movimenta-se muito rápido. Um pequeno cântaro para carregar água, tão importante para a viagem. O chicote que usa para açoitar a rez feroz. A corda, usada para laçar o boi bravo, ou para pegar aquele que se afasta da boiada, ou ainda usada para derrubar o boi para abate. Boiadeiro, na verdade, traz toda uma soma de sabedoria acumulada dessas viagens e vivências do campo. Na verdade, estamos descrevendo uma maravilhosa entidade de muita luz e muita força. O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro, habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se possuísse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens.  Em geral, trabalha rodando sua guia por sobre a cabeça do consulente e depois a esfregando pelo seu corpo, para promover a limpeza do campo áurico.  Invariavelmente a guia arrebenta... Enquanto os "caboclos índios" são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores.

 BAIANOS
A corrente baiana é formada por espíritos alegres, brincalhões, descontraídos e adoram "desmanchar" demandas. São pessoas que viveram na Bahia (geralmente) , e que vêm ao terreiro para passar seu axé, e sua energia positiva. São muito conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à "macumba" (dança ritual), durante a qual trabalham enquanto giram com seus passos próprios. Apreciam as "festas" que lhes fazem, onde bebem batida de coco e comem comidas típicas da cozinha baiana. A gira do Povo Baiano é muito animada, estas entidades, também têm muito o que ensinar. Salve o povo Baiano!

CRIANÇAS
São espíritos que já estiveram encarnados na terra e que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação, como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces. Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também têm funções bem específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás. Muitas entidades que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito amigas e têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério, o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas a Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos. Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões .Preferem as consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles. Eles manipulam as energias elementares e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem. Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessário muita concentração do médium (consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser transmitida. É comum em uma gira de criança, ver um médium "cambaleando" antes de incorporar inteiramente, isso se dá devido à "disputa" que estes espíritos travam para ver quem incorpora primeiro, bem típico desta linha. No seu dia de comemoração acaba virando uma grande festa de aniversário, adoram guaraná e doces e promovem uma animada "bagunça" quando baixam no terreiro. Sua energia é transbordante de vitalidade e alegria, sendo capaz de derramar as maiores bênçãos da  fertilidade e da harmonia.   Os "meninos" são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as "meninas" são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc... Estas características, que às vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência.  Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa, atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais procurados para os casos de família e gravidez. Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos de maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos é grande. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido for atendido, pois a "brincadeira" (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido pode não ser tão "engraçada" assim.

Exú Sr. Tiriri
EXÚ   E  POMBA GIRA
São espíritos que já encarnaram na terra. Na sua maioria, tiveram vida difícil como mulheres da vida; boêmios; dançarinas de cabaré, etc, etc... Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados, mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como os Preto-velhos, e crianças, são servidores dos Orixás.  Não se devem confundir os Exus da Umbanda com Exu da Nação (candomblé), pois são diferentes.    Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao "Diabo" medieval (herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados à prática do "Mal", pois como são servidores dos Orixás, todos tem funções específicas e seguem as ordens de seus "patrões". Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: A abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores durante a gira ou obrigações. Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a "gira de Exus" dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc... de seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Orixás), protegendo o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada. Os exus recebem na Umbanda certas denominações como Povo de Rua, Compadres e Comadres, Guardiões etc , para classificar entidades que trabalham num plano astral evolutivo. Estas entidades são firmadas em um lugar chamado de tronqueira. Saravá , Povo de Rua! Saravá, os Compadres e as Comadres , Saravá os guardiões desse terreiro de Umbanda. Exú é um tipo de entidade que trabalha na esquerda, são os espíritos, que melhor nos entendem, pois conhecem o problema humano. São entidades em evolução, seu trabalho é dirigido, principalmente a defesa dos seus médiuns e a defesa do terreiro, porém, são muito procurados para resolver os problemas da vida sentimental e material. Costumam trabalhar com velas, charutos, cigarros, bebidas fortes, punhais em seus pontos riscados, pembas brancas, pretas e vermelhas. Devido ao seu temperamento forte e alegre costumam atrair bastante os consulentes, principalmente pôr que quando falam que vão ajudar certamente o farão.  Exú é a Polícia de Choque da Umbanda, é quem cobra na hora e também é quem tem maior ligação com os seres encarnados. Na falange de Exú existem muitos, entre eles, estão: Exu Tranca-Rua-das-Almas, Exu Tirirí, Exu Marabô, Exu Veludo, Exu Morcego, Exu Gira-mundo, Maria Padilha, Maria Mulambo, Exu Caveira , Exu Ventania etc. Existem três tipos de Exu:
 
EXU PAGÃO: é aquele que não sabe distinguir o Bem do Mal, trabalha para quem pagar mais. Não é confiável, pois se pego, é castigado pelas falanges do Bem, então volta-se contra quem o mandou.
EXU BATIZADO: é todo aquele que já conhece o Bem e o Mal, praticando os dois  conscientemente; são os capangueiros ou empregados das entidades, a cujo serviço evoluem na prática do bem, porém conservando suas forças de cobrança.
EXU COROADO: é aquele que após grande evolução como empregado das Entidades do Bem, recebem por mérito, a permissão de se apresentarem como elementos das linhas positivas, Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Oguns, Xangôs e até como Senhoras.

Os Exus estão divididos em 3 grandes linhas: Cemitério, Encruzilhada e Estrada.
Exus do Cemitério: É formada por Exus sérios, em sua maioria servidores de Omulú (Rei do Cemitério). Não costumam dar consulta, se apresentam principalmente em grandes obrigações, trabalhos e descarregos.   Ex: Exu João Caveira; D. Maria Quitéria; Exu Caveira, D. Rosa Caveira; Exu  7 Catacumbas; Exu 7 Facas, etc... 
Exus da Encruzilhada: Esta linha é formada por Exus que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os Exus da estrada, mas também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de dar consulta e também de participar em obrigações e descarregos . Alguns deles se aproximam muito (em suas características) da linha do cemitério, são os que chamamos de "Encruza pesada", enquanto outros se aproximam mais da linha da estrada, "Encruza leve". Ex: Exú Tranca Rua; Exú. Veludo; Exú das 7 Encruzilhadas; D. 7 Encruzilhadas; D. Maria Mulambo; etc...
Exus da Estrada: São os mais "brincalhões". Suas consultas são sempre recheadas de boas gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim estas "brincadeiras" devem partir sempre do guia e nunca do consulente. São os guias que mais dão consultas em uma gira de Exu, se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta a várias pessoas ao mesmo tempo.  Nesta linha trabalham vários espíritos, desde os Exus da estrada propriamente dita, como também os Ciganos e a malandragem. Também se encaixam nesta linha alguns espíritos, que apesar de já terem atingido um certo grau de evolução, optaram por continuar sua jornada espiritual trabalhando como Exus (Exu Mangueira, Exu do Tempo, etc...).  Ex: D.Maria Padilha; Sr. Zé Pelintra; D.Rosa Vermelha; Sr.Tiriri; D.Cigana/Ciganinha,etc Obs: Alguns terreiros giram ciganos junto com os exús.
Sua cor é Vermelha é preta. 
Sua guia também é vermelha e preta. ou amarela e preta ou preta e branca
Sua roupa da mesma cor, as Pombas Giras da saias compridas e blusa, e os Exús, de calça camisa e capa.
Erva: folha da fortuna 
Simbolo: é o tridente
Número:  7  
Dia: segunda-feira 
Elemento e força da natureza: fogo
Chakra atuante: básico ou sacro
Saudação: Laroiê-Exu
Negativo: Quiumbas
Local de entregas: Encruzilhadas, cemitérios, praias, lodo, pedreiras, etc.

Encruzilhadas abertas: para todos Exus (indistintamente)
Encruzilhadas fechadas: para todos os Exus (indistintamente)
Porteira de Curral: Exu das Sete Porteiras
Encruzilhadas Mistas: Exus mirins, etc...
Encruzilhadas em "S" ou curvas: Exu Tira-teima
Encruzilhadas em pé de galinha: Dona Pomba-gira
Encruzilhadas em forma de T: Dona Pomba Gira
Encruzilhadas de estrada de ferro: Dona Maria Padilha
Encruzilhadas de caminho do mato: Dona Maria Molambo
Nas curvas em S nunca se caminha pelo lado do ângulo da curva.
Nunca se devem atravessar as encruzilhadas em diagonal, principalmente às de dentro do cemitério. Ao utilizar-se uma porteira de curral, entra-se pelo lado direito e sai-se pelo esquerdo.
Nota especial da cor representativa e dos colares (guias) *
Vermelho e preto: para todos os EXUS de encruzilhadas.
Preto e branco: Para todos EXUS com chefia, independente do local que pertença.
Preto e amarelo: Exclusivas para os EXUS da Calunga Pequena (cemitério).

Os Exus nas sete linhas de Umbanda
Linha de Oxalá: Exu Tiriri, Exu Veludinho, Exu Gira Mundo, Exu Sete Encruzilhadas etc.
Linha de Yemanjá: Todas as Pombagiras.
Linha de Ogum: Exu Tranca Ruas das Almas, Exu tranca Ruas de Embaré, Exu Tranca Ruas das 7 Encruzilhadas, Exu Veludo, Exu 7 Encruzilhadas, Exu 7 Facas, Exu da Mangueira
Linha de Oxossi: Exu Marabô, Exu Tronqueira, Exu Mangueira e outros.
Linha de Xangô: Exu Marabô, Exu Toquinho, Exu Labareda, Exu do Lodo, Exu Pedra Negra.
Linha de Yorimá: Exu Caveira, Exu Tatá Caveira, Exu 7 covas, Exu Bananeira, Exu Mulambo, Exu 7 porteira e outros. 

Linha de Yori: Todos os Exus mirins. 

Fonte -  http://larumbandistacaboclopenabranca.blogspot.com.br/