O Corpo Som do Ser
Os povos indígenas brasileiros, mais precisamente os Tupinambá e os Tupy-Guarani , descendem de ancestrais chamados pelos antigos de Tubuguaçu, que detinham uma certa sabedoria de alma, ou seja,do ayvu ,o corpo som do ser. A Partir de essa sabedoria ligada a uma ciência do sagrado, desenvolveram técnicas – na verdade, intuíram técnicas – de afinar o corpo físico com a mente e o espírito.
Os Tubuguaçu entendem o espírito como música, uma fala sagrada( nê-enporã ) que se expressa no corpo, e este, por sua vez, é a flauta (U’mbaú ), veículo por onde flui o canto que expressa o Avá ( o som-luz-ser-música), que tem sua morada no coração.
Essa flauta é feita da urdidura de quatro angás-mirins (pequenas almas), que fazem parte dos quatro elementos: terra, água, fogo e ar.
Eles precisam estar afinados para melhor expressar o Avá , que é a porção-luz que sustenta o corpo-ser, que, para os ancestrais é o fogo sagrado que move os guerreiros, dando-lhes vitalidade, capacidade criativa e realizadora.
Por isso fez-se o Jeroky, a dança, com o fim de afinar todos os espíritos pequenos do ser Para que canta sua música no ritmo do coração da Mãe Terra, que dança no ritmo do Pai Sol, que, por sua vez, dança no ritmo do Mboray ,o amor incondicional, abençoando todas as estrelas.Dessa maneira, cada um pode expressar através de seu corpo a harmonia, entrando em sintonia com Tupã Papa Tenondé, o Grande Espírito que Abraça a Criação.
Compreendendo o ser como um tu-py , um som-de-pé, os antigos afinavam o espírito a partir dos tons essências do ser, sons que participam de todos os seres. Os tons essências que formam o espírito são o que a civilização reconhece como vogal.
Cada vogal vibra uma nota do espírito que os ancestrais chamavam de angá-mirim, que comporta o ayvu,estruturando o corpo físico.São sete tons, e quatro deles referem-se aos elementos terra, água,fogo e ar, coordenado a parte física, emocional, sentimental e psíquica do ser. E três desses sons referem-se à parte espiritual do ser.