Wo
estava num barco imponente, um barco a que chamaremos: o transatlântico
da Humanidade. Wo desfrutava a vida juntamente com milhares de milhões
de outras pessoas. O barco era gigantesco e magnífico.
Representava
a Humanidade, a linhagem, a história e a energia da Terra. Representava
todas as coisas que, desde sempre, estiveram relacionadas com os Seres
Humanos, no planeta. O transatlântico era majestoso e Wo amava-o.
Wo
não tinha muito que fazer em relação ao barco, pois ele comandava-se
e dava poder a si mesmo. Além disso, levava Wo, e os outros Seres
Humanos que navegavam com ele, onde eles queriam ir. E o barco levou-os
a muitos sítios. Wo, de fato, não tinha que pensar muito nesse
assunto, só tinha que desfrutar dessa regalia.
Tampouco
parecia haver o risco de grande perigo enquanto Wo se mantivesse
corretamente dentro da energia do barco, permanecesse na sua coberta e
se relaxasse nessa grande nave chamada Humanidade.
Este
navio, em particular, era singularmente diferente dos barcos normais.
Era muito seguro, porque tinha um bote salva-vidas para cada homem, cada
mulher e cada criança que estavam a bordo. Reparem bem: um para cada
pessoa! Se alguma coisa, um dia, chegasse a acontecer, os botes
salva-vidas estavam ali, armazenados e prontos.
Tudo
estava bem. Wo passara a vida inteira neste barco e, por isso, tinha-se
habituado a ele. Estava tudo correndo bem... até que chegou a mudança
do milênio. Em Janeiro de 2000, o barco chamado Humanidade navegou para
novos mares. Wo nunca tinha visto nada parecido. E o barco começou a
ter problemas. O ferro com que fora construído começou a ser corroído
pela energia das águas do novo milênio, em que tinha entrado.
O
barco perdeu a consistência, começou a fazer muita água e a
balançar de um lado para o outro. A verdade é que estava afundando
lentamente.
Muitos
dos passageiros assustaram-se e não sabiam o que fazer. Com o passar do
tempo, começou a tornar-se obvio que o barco não conseguiria
sobreviver. Wo não encontrara nada sobre o assunto nas Escrituras ou
profecias, elas que, no passado, tanto haviam predito sobre o Grande
Barco. Não sabia o que esperar. Nunca nenhum profeta conseguira prever
que o barco se afundaria. Talvez houvesse notícia de que precisaria de
ajuda, inclusivamente que talvez tivesse que vir a parar por uns tempos
para reparações e outras mudanças...
A
verdade, porém, é que este barco da velha energia estava afundando!
Todas
as comodidades que Wo conhecera, assim como os modelos de como funcionam
as coisas da vida, também estavam indo a pique. Era inconcebível! Iria
a Humanidade perecer juntamente com o barco? De alguma forma, Wo sentia
que não.
Lentamente,
estimulou cada Ser Humano a subir para o seu bote salva-vidas. No
entanto, alguns abandonaram o barco com muita antecedência, dizendo
que, de alguma maneira, já estavam à espera que isso acontecesse.
Então,
os botes salva-vidas começaram a afastar-se do Grande Barco que se
afundava. Que espetáculo!!
Wo
esperou até ao último momento, na esperança de que surgisse uma forma
de o enorme barco recuperar a vida. Não podia acreditar que estivesse,
realmente afundando.
Ao
permanecer a bordo, viu algumas coisas assombrosas. Viu pessoas que
gritavam furiosamente umas com as outras, garantindo que não entrariam
nos botes salva-vidas! Iriam a pique com o barco, porque estavam
indignadas e furiosas. Para eles, o afundamento não fazia qualquer
sentido e maldiziam Deus, ou fosse quem fosse que tivesse encaminhado o
transatlântico para águas turbulentas. Alguns estavam tão
atrapalhados com o que estava acontecendo que diziam que não podiam
viver em qualquer outro tipo de barco e que nem sequer o tentariam. No
fundo, este era o único barco que tinham conhecido em toda a sua vida,
e não havia outro por perto. Portanto (pensavam eles), se subissem para
os botes salva-vidas, morreriam na mesma.
Wo
entrou no seu bote salva-vidas, baixou-o para aquilo que parecia ser águas
perigosas e afastou-se do barco que naufragava. Outros trataram de fazer
o mesmo, e, no último momento, também subiram para os seus botes
salva-vidas, baixando-os para a água com a ajuda dos cabos de segurança.
Horrorizados,
Wo e muitos outros, viram como os coléricos se afundavam com o barco. O
gigantesco e cômodo Humanidade, deslizou quase silenciosamente para as
profundezas das águas do vasto oceano, que já não podia nem elevá-lo
nem mantê-lo a flutuar. Para muitos era o fim de tudo. Mas, para
aqueles que se tinham arriscado a subir para os botes salva-vidas,
estavam reservadas mais surpresas.
Wo
estava à deriva, completamente sozinho, no seu pequeno bote. Tal como
os outros, dispunha de um par de remos e de provisões para um dia.
Olhou à sua volta e reparou nos outros pequenos botes brancos, como
pontos na água, estendendo-se até ao horizonte. Deviam ser milhões! O
metal do velho barco, não tinha sobrevivido às águas da Nova Energia.
Os botes em que Wo e outros estavam agora, eram de madeira, e
suficientemente seguros para aquela situação, pelo menos por um dia,
até que se acabassem as provisões. Wo perguntou-se o que se passaria a
seguir.
Os
botes salva-vidas derivando, foram-se afastando lentamente uns dos
outros, no imenso oceano. Cada passageiro de cada bote salva-vidas
poderia ir onde quisesse. Cada Ser Humano, à medida que aplicava os
remos e remava, decidiria, por si mesmo, qual a melhor direção a
tomar.
Uma
coisa se tornou óbvia para Wo: o bote salva-vidas não era aquilo que
esperava. Julgara que era uma coisa, mas convertera-se noutra. Era feito
de madeira, pequeno, movia-se a remos e, no compartimento da comida,
tinha provisões e água somente para um dia. Não dispunha de proteção
em caso de tempestade e era vulnerável ao clima. Wo, tal como todos os
outros, sabia que podia ser despedaçado se as coisas se complicassem...
ao passo que, quando estavam a bordo do grande barco da Humanidade,
sempre que o clima piorava, bastava recolherem-se nas cabinas
interiores.
Agora,
porém, arcar com tanta responsabilidade era muito diferente e, também,
um pouco assustador.
No
segundo dia, porém, Wo percebeu que alguma coisa tinha mudado. Ao abrir
o armário das provisões, o mesmo que abrira três vezes no dia
anterior, viu que estava novamente cheio de comida! Lembrava-se de ter
ingerido tudo no dia anterior e, no entanto, inexplicavelmente, a comida
tinha surgido sozinha. «Provisões para um dia», diziam as instruções?
Sim, era isso o que lá dizia. Então, Wo começou a perceber que aquele
bote salva-vidas lhe fornecia provisões para o dia em que estava! Todos
os dias, ao abrir o armário das provisões, encontrava sustento para um
dia, nem mais nem menos. Wo agradeceu ao bote, porque compreendeu que,
de alguma forma, era um bote mágico. E, cada manhã, no bote, celebrou
essa dádiva, enquanto comia e bebia. «Obrigado, Espírito», dizia Wo.
«Parece que vou viver um pouco mais». Então, pegou no timão para
rumar o barco. Remava e rumava..., remava e rumava. Ainda que não
soubesse para onde ia, escolheu um rumo que, de certa forma, lhe surgira
intuitivamente. E, quanto mais celebrava o bote, mais este lhe
respondia.
Quanto
mais o amava, melhor ele se portava!
Na
segunda semana de afastamento, ocorreu algo de assombroso. Wo foi à
popa do barco, onde estava o timão do leme e, para sua surpresa, viu
algo que não estava ali no dia anterior: um motor! Sim, encostado à
parte traseira da embarcação estava um motor fora de bordo e, ao seu
lado, um depósito com combustível para um dia. Wo colocou o motor onde
lhe pareceu que devia ser colocado, aparafusou-o facilmente, na ré do
bote, usando as ferramentas que estavam junto do motor, encheu-o com o
combustível e pô-lo a trabalhar.
O
motor arrancou com um ronco e os calafrios percorreram, para cima e para
baixo, o corpo de Wo. Isto era, de fato, mágico! Quem teria fornecido o
motor e o combustível? Teria sido um anjo? Deus? Talvez tal coisa se
devesse à interação de Wo com o bote. Wo não sabia. Fosse como
fosse, abençoou o motor e o bote, o armário da comida e a bebida. Então,
nas horas seguintes, tratou de aprender a lidar com o motor, tanto para
respeitar o rumo, como para dar poder ao bote.
Após
um dia de viagem, o motor parou. Então, Wo olhou para o depósito de
combustível que esvaziara no dia anterior. Levantou a tampa... e não
se surpreendeu ao verificar que havia ali combustível para outro dia de
viagem. Encheu o depósito do motor... e riu-se.
«Que
Deus abençoe este bote!», gritou forte Wo para quem quisesse ouvi-lo,
pois estava cheio de assombro e de alegria.
Agora,
Wo já era capaz de orientar a sua rota na direção que,
intuitivamente, sabia ser a correta. Apercebeu- se de que alguns outros
estavam seguindo o mesmo caminho. Então, ainda que não pudesse
comunicar diretamente com eles, sentiu uma sensação familiar pelos
poucos botes que conseguia descortinar no horizonte.
No
entanto, conseguiu notar que alguns deles também tinham motor! Por um
momento, Wo perguntou- se quem estava seguindo quem..., se não estariam
todos enganados... se não estariam a dirigir-se a parte nenhuma..., se
não andariam aos círculos. Mas, alguma coisa lhe dizia que,
intuitivamente, todos estavam a tomar a boa direção.
(Queridos
amigos, sabiam que, quando os nativos desta terra se reúnem para
celebrar as quatro direções, estão celebrando o magnetismo? Pois é
verdade! Tal como os antigos Índios, Wo tinha uma certa orientação
interior que lhe mostrava o caminho... e lhe permitia navegar sem bússola!)
Durante
a semana seguinte, surgiu uma tempestade. Wo disse ao bote: «Era isto
que eu e os outros mais temíamos. Mostra-me o que devo fazer!» E teve
a sensação de que o bote lhe respondia: «Celebre o medo, Wo». Assim,
Wo ajoelhou-se e, em vez de rezar por ajuda, celebrou a tempestade. Então,
repentinamente, aconteceu outra coisa surpreendente. Os olhos de Wo
esbugalharam-se, pois, de alguma forma, esperara que o poder do bote
acabasse com a tempestade. Mas não. Em vez disso, começou a
crescer-lhe uma cobertura! À medida que a borrasca aumentava, o bote
selou-se a si mesmo de tal maneira que atravessou a tormenta sem
qualquer prejuízo. Wo nem sequer enjoou!
Wo
compreendia agora que quanto mais celebrava o bote, melhor ele se
mostrava. Compreendeu que, de alguma forma, ele era uma extensão do próprio
bote, um bote que tinha muitos atributos... que começava agora a
reconhecer: quando estava deprimido ou medroso, o bote parecia frágil;
houve até uma vez que lhe pareceu reconhecer algumas infiltrações. No
entanto, quando estava alegre, acontecia um monte de coisas milagrosas.
Wo, sentia que, de alguma forma, até a cor do bote tinha mudado.
Não
era de estranhar que o grande barco Humanidade dispusesse de um bote
para cada Ser Humano. Agora, Wo entendia. De alguma maneira, cada bote
salva-vidas estava cheio da energia do Ser Humano que lhe correspondia.
Nunca nenhum deles fora usado, pois o grande barco dispensava qualquer
uso que o bote pudesse ter. Na realidade, Wo podia ter abandonado aquele
barco em qualquer momento, mas... por que iria fazer uma coisa dessas se
o transatlântico cuidava dele? Mas... será que cuidava? Agora, Wo começava
a perceber que, ainda que não soubesse o que o dia seguinte lhe traria,
era livre de rumar a sua nave em direção ao desconhecido. Compreendeu,
ainda, que a sua barca era excelente e que crescia com ele à medida que
o seu próprio conhecimento ia crescendo. Começou a sentir-se com
poder, e feliz com a mudança que surgira.
Começou
a sentir pena por aqueles que não tinham abandonado o Grande Barco.
Como poderiam ter sabido da magia dos botes salva-vidas?
Com
o tempo, Wo começou a examinar alguns dos outros botes distantes, que
eram como o seu. Olhou atentamente e apercebeu-se que alguns deles também
tinham coberturas. Muitos também tinham motor, pelo que os remos
estavam sendo deitados borda fora ou tinham sido esquecidos. Não foi
preciso esperar muito para que compreendesse que todos se dirigiam para
um ponto central, um ponto que podia ver à distância... uma ilha
coberta por uma névoa.
Um
a um, os botes foram-se aproximando da ilha enevoada. Muitos,
mantiveram-se no limite do banco de nevoeiro, preferindo não avançar.
Através do nevoeiro, sentia-se a agitação, muito ruído e clamores.
Podia sentir-se a sensação de indecisão naqueles que não sabiam o
que esperar ou o que haveria por detrás daquele nevoeiro denso. Não
obstante, lentamente, todos compreenderam que ficar do lado de fora do
nevoeiro era negarem-se à descoberta. E, assim, um por um, os pequenos
botes brancos foram desaparecendo no nevoeiro, em direção à ilha, que
sabiam estar por ali. Wo também decidiu correr o risco de avançar para
o desconhecido e, embora o alvo fosse invisível, confiou em si mesmo e
na sua nave, enquanto navegava através do nevoeiro.
Durante
quase uma hora, Wo e outros, dirigiram-se, lentamente, em direção aos
clamores, inseguros e apreensivos, sem saberem se estavam a aproximar-se
da perdição ou da salvação.
Então,
os seus olhos viram o assombro!
Realmente,
havia uma ilha, mas era uma ilha que logo compreenderam que ainda não
estava preparada para o seu desembarque. Quase unanimemente, todos se
detiveram e mantiveram a distância, contemplando-a.
Na
ilha, estava em construção o mais gigantesco barco interdimensional
que alguma vez tinham visto! Ainda não estava completamente formado,
pois a parte pontiaguda não estava à frente! Os motores também não
estavam onde deviam estar. Cada cabina, onde era suposto viver cada Ser
Humano, tinha uma barra de leme, de forma que o barco era dirigido
coletivamente, por consenso. Era uma nave interdimensional que ia
tomando forma diante dos seus olhos. Era muito parecida com os botes
salva-vidas; no entanto, não conseguiam descortinar que alguma
Entidade, ou Entidades, estivessem cuidando da sua construção.
Aparentemente, o barco ia tomando forma sozinho, e quantos mais botes
salva-vidas chegavam à ilha, mais rapidamente o barco ia crescendo.
Desta
forma, Wo e os demais, com um dia de provisões e um dia de combustível,
começaram a rodear a ilha, como se fosse uma cerimônia, dizendo a si
mesmos: «Desembarcaremos na ilha quando chegar o momento, e subiremos a
bordo quando o barco estiver pronto. Este é um barco milagroso, construído
assombrosamente, como nenhum outro que alguma vez tenhamos visto. É uma
nave que cruzará as águas na Nova Energia. Saberemos quando estiver
pronto e, então, todos juntos embarcaremos. Depois, juntos, batizaremos
esta nave grandiosa, dando-lhe um nome que abençoe aqueles que
navegaram nas águas do novo milênio.
*
* * * * * * * *
Bom,
meus queridos Humanos, quantos de vocês estão no seu bote salva-vidas?
O Velho Barco foi a pique, meus caros, pelo que o modo de vida que
alguns conheciam e em que, inclusivamente, confiavam espiritualmente,
aparentemente, desapareceu. Em algumas das suas situações, o abandono
do velho, foi, inclusivamente, purificado pelo fogo. Vocês sabem ao que
me refiro, não é verdade? Gostaria que se lembrassem de uma coisa:
julgam que estão sozinhos nesse bote? Não, não estão. Não mais do
que estão sozinhos dentro desse «armário», que referimos com freqüência,
onde choram às escondidas.
Pretendemos
que rodeiem a ilha, durante um certo tempo, e confiem em que o novo
barco está sendo construído.
Queremos
que saibam que o amor de Deus está fazendo brilhar os seus lindíssimos
raios de sol sobre as suas vidas. Não pretendemos que confiem em mais
ninguém, exceto em vocês mesmos; não pretendemos que se acerquem de
qualquer outro Ser Humano e lhe perguntem o que, supostamente, deveriam
estar a fazer. Queremos que se dirijam para o seu interior, se
sintonizem com a «estação» que seja mais significativa para vocês e
se empapem da energia do bote salva-vidas, que vos responde de tantas
formas diferentes.
Permitam
que tomemos as suas mãos, que criemos a sincronicidade e a co-criação.
Queremos abraçá-los, se nos permitirem. Permitam que lhes ofereçamos
a substância das provisões para um dia... continuamente,
pois
isso irá proporcionar-lhes uma concepção diferente de abundância.
O
que é que se vai passar com o novo barco? Quando flutuará sozinho?
Esta Entidade não sabe. Não sabe, porque os botes salva-vidas aumentarão
de número em função dos seus próprios milagres. Quando tiver chegado
o tempo certo, todos desembarcarão na ilha e, juntos, celebrarão. A
consciência humana mudará ainda mais e o barco será
batizado de Humanidade II – a Nova Jerusalém. É um barco que
transporta a promessa de uma Terra em paz e de uma Humanidade sábia,
que navega sobre as suas próprias águas poderosas! Este santuário,
onde vocês escutam e lêem, será mantido como santuário durante tanto
tempo, quanto o tempo que mantiverem essa intenção. Fiquem
em paz e pensem no que hoje foi dito aqui. Quando terminar
esta comunicação, deixem-se ficar em sossego, durante
alguns instantes, antes de se levantarem. Este foi, de fato, um tempo
precioso!
Sabem
que nós não estamos no vazio; conhecemos as suas vidas, os seus
desafios e as suas dificuldades.
Se,
hoje, não sentiram o amor de Deus nas suas vidas, talvez tenha chegado
o momento de abrirem o seu coração um pouco mais, à realidade dos
seres espirituais interdimensionais, que os rodeiam! Eles estão cheios
de amor e dádivas para aquele Ser Humano que deseje sincronizar-se com
eles.
Na
verdade, queridos Humanos, vocês são amados com muita ternura!
Kryon
Excerto do Livro 9 Um Novo Começo de Kryon Por Lee Caroll