“Matéria e todas as suas interações são ondas de possibilidades. Possibilidades de quê? De escolha. Escolha de quem? da ‘CONSCIÊNCIA’.”
(Amit Goswami)
PERGUNTAS BÁSICAS SOBRE FÍSICA QUÂNTICA
1 – Qual é a diferença entre uma onda comum e uma onda de possibilidade?
Ondas são perturbações periódicas que podem tanto percorrer o espaço
(onda em movimento) como oscilar num só local (onda estacionária). Uma
onda comum – uma onda em movimento do mar, por exemplo – oscila no
espaço e no tempo manifestos; é possível ver a perturbação, o
deslocamento da água da posição de superfície mudando com o tempo, as
linhas da crista progredindo, e assim por diante. Uma onda quântica de
possibilidades, ao contrário, não pode ser vista na manifestação. Nossa
tentativa de vê-la faz com que a onda se desintegre numa partícula, por
assim dizer.2 – Por gentileza, dê um exemplo de onda de possibilidade.
Considere um elétron livre para se mover no espaço. Em questão de segundos, a onda desse elétron pode se espalhar por toda a cidade, assim como se expande uma onda do mar, mas somente em possibilidade. Ê alta, certamente, a probabilidade de que o elétron vá para alguns lugares e baixa a de que apareça em alguns outros lugares. Na verdade, essas probabilidades (calculada pelo instrumental matemático da mecânica quântica) compõem uma distribuição, em curva de sino.
3 – O que é uma onda estacionária?
Você já está bem familiarizado, na verdade, com ondas estacionárias. As notas musicais que você escuta, vindas de um violão, começam como ondas estacionárias; se você observar a corda, verá que ela vibra, oscilando enquanto permanecer no mesmo lugar.
4 – Por gentileza, dê um exemplo de onda de possibilidade estacionária.
Considere a onda de possibilidade de um elétron no mais baixo estado de energia (o estado fundamental) de um átomo de hidrogênio. Como o átomo confina o elétron, o elétron é descrito por uma onda de possibilidade estacionária. Na física newtoniana que você aprendeu na escola, supõe-se que o elétron orbite em torno do próton. Na nova concepção, você pode imaginar o comprimento de onda do elétron dando uma volta em torno da órbita (figura acima). Mas a diferença entre o modelo clássico e o modelo quântico é assombrosa. No modelo quântico, o elétron compõem uma distribuição de probabilidade; a órbita apenas descreve lugares em que é mais provável que o elétron apareça. Mais uma vez, se fizermos várias observações, descobriremos que o modelo quântico está de acordo com os dados experimentais. (figura abaixo).
4 – Você diz que a observação causa a desintegração da onda em partícula, e que, portanto, o objeto quântico será encontrado sempre num só lugar, e não espalhado por toda a parte. Sendo assim, como você sabe que existe uma onda de possibilidade antes da observação?
Quando fazemos uma grande quantidade de observações de elétrons em situações idênticas, encontramos os elétrons aparecendo em todos os diferentes lugares previstos pela mecânica quântica, de acordo com a distribuição em curva de sino. Essa é a resposta mais genérica a pergunta: a teoria é verificada pelo experimento, e, por isso, nós confiamos na teoria, que diz que o elétron é uma onda de possibilidade antes que nós o vejamos.
Em algumas situações, podemos dizer que o elétron tem uma natureza de onda mesmo sem passarmos pelo trabalho de estudar a distribuição inteira. Veja, por exemplo, o experimento da fenda dupla (figura abaixo). O próprio fato de que os eletrons aparecem na placa fluorescente em outros pontos além daqueles que se encontram diretamente atrás das fendas denuncia a natureza de onda subjacente no elétron.
5 – Por falar em experimento da fenda dupla, o que constitui uma fonte de elétrons?
Os elétrons estão em toda parte. Eles são partes constitutivas dos átomos que formam o grosso da matéria que existe na Terra. Encontram-se sobretudo nos metais, onde alguns deles têm a liberdade para se movimentar no metal todo. Para obter elétrons livres de um metal, lançamos luz sobre ele, o que nos dá fotoeletrons Os alarmes contra roubo funcionam com base nesse princípio. É possível também libertar os elétrons de suas cadeias metálicas esquentando o metal. Se você já viu, alguma vez, um tubo termiIonico, ele funciona com base nesse princípio.
6 – Voltemos, por um instante, para o experimento da fenda dupla. Por que o elétron não pode causar o colapso de sua própria onda de possibilidade?
Um sem-número de experimentos já demonstrou que o comportamento médio do elétron é completamente determinado pela mecânica quântica. Cada elétron, em cada evento, revela-se dotado de livre-arbítrio, na sua escolha de um ato entre as possibilidades? No primeiros tempos, até mesmo Niels Bohr ponderou sobre a questão do livre-arbítrio do elétron. Dificilmente algum físico de hoje concordaria com esse tipo de idéia. Mas ela é, em última análise, uma questão experimental, e está provavelmente excluída experimentalmente.
7 – Por que não podemos dizer que a placa fluorescente mede os elétrons e, ao fazê-lo, causa o colapso da onda de possibilidade do elétron?
Isso estaria em contradição com a mecânica quântica, segundo a qual até mesmo a placa fluorescente deve ser descrita como uma onda de possibilidade. O agente do colapso precisa estar totalmente fora da jurisdição da mecânica quântica.
8 – É difícil, para mim, aceitar que os resultados do experimento da fenda dupla na placa fluorescente permaneçam no limbo da possibilidade até que eu decida observar.
Pense em um elétron de cada vez. Cada elétron aparece em uma das franjas brilhantes (com probabilidades um tanto variáveis). A placa fluorescente amplifica o sinal do elétron em cada posição possível; é a sua função. A onda de possibilidade total compreende, agora, a superposição de todos esses elétrons possíveis, amplificados pela placa fluorescente em sinais possíveis. Mas, quando nós observamos, somente um desses sinais possíveis se manifesta; é nesse ponto que nós detectamos o elétron.
Note que a observação desintegra automaticamente todas as coisas relacionadas com o evento. O ponto que é iluminado, por exemplo, faz parte do todo da placa. Note também que um aparato de observação tem uma segunda função: devido a sua massa, sua onda de possibilidade se expande um tanto lentamente, de modo que vários observadores podem compartilhar dos resultados da mesma observação.
Milton César Ferlin Moura
Fonte: A Janela Visionária – Amit Goswami.
O video abaixo é uma animação da experiência da fenda dupla. Ele demonstra a dualidade onda-partícula e o quanto o observador é importante para o colapso das ondas de possibilidades. Vejam com atenção e aproveitem?