Nosso Universo pode estar em uma ponte entre dois outros universos !
O nosso universo pode estar situado no interior de um buraco de minhoca
(wormhole) - também conhecido como Ponte de Einstein-Rosen - uma
espécie de "cano" hipotético que une dois universos.
O próprio buraco de minhoca seria parte de um buraco negro que ficaria
dentro de um universo muito maior, que contém o nosso como um traço
dificilmente detectável por algum cientista "extra-universal". Esse
cenário, com cara de ficção científica, no qual nosso universo nasceu
dentro um buraco de minhoca, está em um artigo que acaba de ser
publicado em uma das mais importantes revistas de Física do mundo.
Gravidade e expansão acelerada do Universo
Tal exercício teórico não nasce da ociosidade: acontece que a física
atual se debate há anos com problemas difíceis de resolver. O maior
deles é a nossa bem conhecida gravidade. Embora seus efeitos possam ser
sentidos o tempo todo, ela não se dá com as outras forças conhecidas.
Nenhum cientista conseguiu até hoje desenvolver uma teoria que junte a
gravidade às forças nucleares fraca e forte e ao eletromagnetismo.
O outro problema é a expansão do Universo. A gravidade deveria estar
fazendo com que ele estivesse se contraindo, ou no mínimo, ela deveria
estar desacelerando sua expansão. Mas as observações mostram o
contrário, o que fez surgir as teorias da matéria escura e da energia
escura.
Saindo pelo cano
Nikodem Poplawski, da
Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, acredita que esses
problemas podem ser resolvidos se nosso universo tiver nascido quando
uma estrela gigante, situada em um universo muito maior e muito mais
antigo do que o nosso, colapsou, formando uma ponte para um outro
universo. Se o nosso universo surgiu no meio dessa ponte entre esses
dois outros universos, a gravidade pode ser rastreada para antes daquele
instante mágico do Big Bang, permitindo sua unificação com as outras
forças.
E a expansão acelerada do nosso universo seria
explicada pelo simples fato de que estaríamos "vazando" pelo buraco de
minhoca, atraídos por outro universo.
Buracos brancos
Poplawski admite que apenas um experimento ou uma observação direta
poderiam revelar o movimento de uma "partícula" - tão grande quanto o
nosso próprio universo - em um buraco negro real. Mas ele também
salienta que, como os observadores somente podem ver o lado de fora de
um buraco negro, o interior não pode ser vislumbrado a menos que um
observador entre no buraco negro ou já more lá.
"Esta condição
seria satisfeita se o nosso universo estiver no interior de um buraco
negro existente em um universo maior," afirma ele.
"Como a
teoria geral da relatividade de Einstein não escolhe uma orientação para
o tempo, se um buraco negro pode se formar a partir do colapso
gravitacional de matéria através de um horizonte de eventos no futuro,
então o processo inverso também é possível. Um processo assim poderia
descrever um buraco branco explodindo: a matéria emergindo de um
horizonte de eventos no passado, exatamente como o Universo em
expansão," explica Poplawski.
Um buraco branco é conectado a um
buraco negro por uma ponte de Einstein-Rosen (ou buraco de minhoca) e
é, hipoteticamente, a reversão no tempo de um buraco negro.
Um universo em cada buraco negro
No artigo, Poplawski sugere que todos os buracos negros astrofísicos - e
não apenas os buracos negros Schwarzschild e Einstein-Rosen - podem ter
pontes Einstein-Rosen, cada um com um novo universo em seu interior,
que se formou simultaneamente com o buraco negro. "Do que decorre que o
nosso universo poderia ter-se formado dentro de um buraco negro
existente dentro de outro universo", defende ele. Ou, mais
especificamente, dentro de um buraco de minhoca que une dois outros
universos.
Segundo ele, o conceito de um universo que nasce no
interior de um buraco negro de Einstein-Rosen poderia evitar ainda o
problema da física atual com o chamado problema da perda de informação
dos buracos negros, que afirma que toda e qualquer informação sobre a
matéria é perdida quando ela passa pelo horizonte de eventos de um
buraco negro - por sua vez, desafiando as leis da física quântica. Para
isso, ele propõe o uso de um sistema de coordenadas euclidianas,
chamadas coordenadas isotrópicas, para descrever o campo gravitacional
de um buraco negro e para modelar o movimento geodésico radial de uma
"partícula de grande massa" no interior desse buraco negro.
Em
seu trabalho, Poplawski estudou o movimento radial ao longo do horizonte
de eventos (a fronteira de um buraco negro) de buracos negros do tipo
Schwarzschild e Einstein-Rosen - ambos soluções matematicamente
legítimas da Relatividade Geral. Faltaria agora generalizar mais a sua
solução.
Fonte:Radial motion into an Einstein-Rosen bridge,Nikodem J. Poplawski,Physics Letters B
#JV
Pontes de Einstein-Rosen, como a ilustrada abaixo, nunca foram
observadas na natureza, mas oferecem soluções teóricas para a
Relatividade Geral ao combinar modelos de buracos negros e buracos
brancos.