VVIIII.. O sacrifício desnecessário
1. Além da pobre atração do relacionamento de amor especial e sempre obscurecida por ela, está a pode-rosa atração do Pai pelo Filho. Não há nenhum outro amor que possa satisfazer-te porque não há ne-nhum outro amor. Esse é o único amor que é inteiramente dado e inteiramente retribuído. Sendo com-pleto, ele nada pede. Sendo totalmente puro, todas as pessoas reunidas nele têm tudo. Essa não é a base de nenhum relacionamento no qual entre o ego. Pois todo relacionamento em que o ego embarca é espe-cial.
2. O ego estabelece relacionamentos apenas para conseguir alguma coisa. E quer manter a pessoa que dá presa a ele através da culpa. É impossível para o ego entrar em qualquer relacionamento sem raiva, pois o ego acredita que a raiva faz amigos. Não é isso o que ele afirma, mas é esse o seu propósito. Pois o ego realmente acredita que pode conseguir as coisas e mantê-las fazendo com que o outro seja culpado. Essa é a sua única atração, uma atração tão fraca que não seguraria ninguém, exceto que ninguém a reconhe-ce. Pois o ego sempre parece atrair através do amor e não tem qualquer atração para qualquer pessoa que perceba que ele atrai pela culpa.
3. A atração doentia pela culpa tem que ser reconhecida pelo que é. Pois tendo se tornado real para ti é essencial vê-la claramente e, retirando o teu investimento nela, aprender a abandoná-la. Ninguém esco-lheria abandonar aquilo que acredita que tenha valor. No entanto, a atração da culpa só tem valor para ti porque não olhaste para o que ela é e a julgaste completamente no escuro. À medida que a trazemos à luz, a tua única questão será a razão pela qual algum dia a quiseste. Não tens nada a perder olhando-a de olhos abertos, pois tamanha feiúra não tem lugar na tua mente santa. Esse anfitrião de Deus não pode ter nenhum investimento real nisso.
4. Dissemos antes que o ego tenta manter e aumentar a culpa, mas de tal forma que não reconheças o que ele quer te fazer. Pois a doutrina fundamental do ego é que escapas daquilo que fazes aos outros. O ego não quer bem a ninguém. No entanto, a sobrevivência do ego depende de acreditares que estás isento das suas más intenções. Ele aconselha, portanto, que se fores seu anfitrião, ele te capacitará a dirigir a tua raiva para fora, protegendo-te dessa forma. E assim ele embarca em uma cadeia sem fim e sem recom-pensa de relacionamentos especiais forjados na raiva e dedicados apenas a uma crença insana: a de que quanto mais raiva investes fora de ti mesmo, mais seguro vens a ser.
5. É essa a corrente que prende o Filho de Deus à culpa e é essa corrente que o Espírito Santo quer remo-ver da tua mente santa. Pois a corrente da selvageria não tem lugar em volta do anfitrião escolhido de Deus, que não pode fazer de si mesmo o anfitrião do ego. Em nome da tua liberação e em Nome Daquele Que quer liberar-te, vamos olhar mais de perto para os relacionamentos que o ego contrai e permitir que o Espírito Santo os julgue verdadeiramente. Pois é certo que se olhares para eles, tu os oferecerás ale-gremente a Ele. O que o Espírito Santo é capaz de fazer com eles, tu não sabes, mas virás a estar disposto a descobrir se em primeiro lugar estiveres disposto a perceber o que tu fizeste deles.
6. De uma forma ou de outra, todo relacionamento que o ego faz se baseia na idéia de que sacrificando-se, ele vem a ser maior. O "sacrifício", que ele vê como purificação, de fato, é a raiz de seu amargo ressen-timento. Pois ele preferiria atacar diretamente e evitar o adiamento do que realmente quer. Entretanto, o ego toma conhecimento da "realidade" conforme a vê e reconhece que ninguém poderia interpretar o ataque direto como amor. Entretanto, tornar culpado é ataque direto, embora não pareça ser. Pois os culpados esperam o ataque e tendo-o pedido, são atraídos para ele.
7. Em tais relacionamentos insanos, a atração do que não queres parece ser muito mais forte do que a atração do que queres. Pois cada um pensa que sacrificou alguma coisa pelo outro e o odeia por isso. No entanto, e isso o que ele pensa que quer. Ele não está absolutamente apaixonado pelo outro. Apenas a-credita que está apaixonado pelo sacrifício. E por esse sacrifício, que exige de si mesmo, ele exige do ou-tro que aceite a culpa e também se sacrifique. O perdão vem a ser impossível, pois o ego acredita que perdoar o outro é perdê-lo. E apenas através do ataque sem perdão que o ego pode assegurar a culpa que mantém todos os seus relacionamentos juntos.
8. No entanto, eles apenas aparentam estar juntos. Pois para o ego os relacionamentos significam apenas que os corpos estão juntos. É sempre isso o que o ego exige e não se opõe que a mente vá a qualquer lugar ou ao que ela possa pensar, pois isso não parece importante. Enquanto o corpo estiver lá para receber seu sacrifício, ele está contente. Para o ego, a mente é algo privado e só o corpo pode ser compartilhado. As idéias basicamente não oferecem interesse, a não ser na medida em que trazem o corpo do outro para mais perto ou para mais longe. E é nesses termos que ele avalia as idéias como boas ou más. O que faz com que o outro seja culpado e o mantém através da culpa é "bom". O que o libera da culpa é "mau", porque ele não mais acreditaria que os corpos se comunicam e assim "iria embora".
Fonte - Livro Um Curso EM Milagres.